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  • São mentirosas as afirmações feitas pelo influenciador português Sérgio Tavares em audiência no Senado brasileiro na última terça-feira (23) de que houve fraude nas eleições brasileiras. Tavares alegou que hackers americanos invadiram a urna eletrônica em “poucos minutos” e que um relatório argentino provou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não teria recebido nenhum voto em modelos antigos do equipamento. Nada disso, no entanto, é verdade. As publicações enganosas acumulavam 5.000 curtidas no Instagram e 1.000 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quinta-feira (25). As peças de desinformação também circulam no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima). Houve fraude nas urnas, porque em 2019 a Globo noticiou que hackers numa convenção em Las Vegas, em poucos minutos, hackearam urnas do modelo brasileiro, em poucos minutos. Portanto, não são confiáveis. Publicações nas redes têm compartilhado um trecho da fala do influenciador português Sérgio Tavares no Senado na qual ele retoma o discurso desinformativo de que houve fraude nas eleições de 2022. O primeiro argumento apresentado por Tavares é que as urnas usadas no Brasil teriam sido hackeadas em 2019 “em questão de segundos”, o que provaria que não seriam confiáveis. Isso, no entanto, é uma mentira antiga, que já foi desmentida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e pelo Aos Fatos. Trata-se de uma distorção de uma entrevista veiculada no programa Estudio i, da GloboNews, em agosto de 2017. Naquela edição, o advogado do ITS (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro), Ronaldo Lemos, afirmou que, durante a DefCon, convenção de hackers realizada em Las Vegas anualmente, urnas eletrônicas teriam sido invadidas em menos de duas horas. Os equipamentos usados naquele evento, no entanto, não eram os mesmos modelos adotados pela Justiça Eleitoral brasileira. O próprio Lemos desmentiu os boatos anos depois: “Seria necessário atacar fisicamente, uma a uma, centenas de milhares de urnas [para fraudar as eleições]. Cada um desses ataques precisaria ser bem-sucedido. O esforço necessário teria de ser oculto e demandaria uma logística maior do que a própria realização das eleições nacionais”, afirmou ele em artigo publicado na Folha de S.Paulo. E em segundo lugar, há relatos de imensos estados, imensas localidades no Brasil, onde Bolsonaro teve imensos votos, mas no final deu zero. Fernando Cerimedo provou. Não em todas as urnas, mas nas urnas anteriores a 2020. O segundo argumento de Tavares para alegar que houve fraude também é uma mentira reciclada. Após as eleições de 2022, o argentino Fernando Cerimedo apresentou um suposto relatório em uma live que prometia denunciar a manipulação do pleito brasileiro. Uma das alegações era que Bolsonaro não recebeu nenhum voto em urnas de modelos anteriores a 2020, que não teriam passado por auditoria. Isso é falso por dois motivos: - Todos os modelos de urnas eletrônicas usados nas eleições passadas passaram por auditoria; - A existência de votações unânimes em alguns locais não prova que houve fraude. Conforme informou o TSE, as eleições de 2022 usaram urnas de modelos 2009, 2010, 2011, 2013, 2015 e 2020. As cinco primeiras passaram pelo Teste Público de Segurança do TSE e foram consideradas seguras por auditores independentes. O modelo mais recente, apesar de não ter sido auditado nesse evento — o último foi realizado em 2021 —, foi examinado por especialistas ligados a universidades e teve sua segurança reconhecida pelo Ministério da Defesa. Isso, por si só, já derrubaria a tese apresentada por Cerimedo. Mas a afirmação de que Bolsonaro não recebeu nenhum voto em algumas seções que usaram modelos antigos também é mentirosa: Aos Fatos apurou que urnas de 2009 e 2010 registraram votações unânimes tanto em Lula quanto em Bolsonaro: - No primeiro turno de 2022, em 36 seções eleitorais, Lula recebeu todos os votos; Bolsonaro não recebeu votação unânime em nenhuma seção, de acordo com levantamento do Nexo; - No segundo turno, no entanto, o petista conseguiu todos os votos em 71 seções eleitorais, enquanto Bolsonaro angariou 100% dos eleitores em três: uma em Charrua (RS) e duas em Caracas, na Venezuela. Outro lado. Aos Fatos procurou Tavares por email no início da tarde desta quinta-feira (25) para que ele pudesse comentar as checagens. Até a publicação do texto, no entanto, não houve retorno.
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