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| - “Bloco de Esquerda no dia da liberdade a pedir a morte de Bolsonaro. É isto a liberdade? ‘Ó meu rico Santo António! Ó meu Santo Popular! Leva lá o Bolsonaro para o pé do Salazar‘”, denunciou o blog “O Insurgente”. Há uma gravação em vídeo desse momento que se tornou viral nas redes sociais. É verdade ou trata-se de uma fabricação?
De facto, o vídeo é autêntico e, aliás, começou por ser partilhado na página do Esquerda.net (portal de informação mantido pelo Bloco de Esquerda) na rede social Twitter. Durante a tarde ontem, dia 25 de abril de 2019, esse tweet acabou por ser apagado, mas o polémico vídeo ressurgiu prontamente noutras páginas e blogs como “O Insurgente” ou o “Gato Político”, por entre críticas ao comportamento dos bloquistas.
Como é possível comprovar no vídeo, é mesmo verdade que dirigentes e deputados do Bloco de Esquerda, com destaque para a líder Catarina Martins ou a deputada Mariana Mortágua, proferiram as palavras de ordem supracitadas, na forma de cântico: “Ó meu rico Santo António! Ó meu Santo Popular! Leva lá o Bolsonaro para o pé do Salazar“.
A única dúvida quanto à publicação em análise consiste em apurar se o cântico equivalia a “pedir a morte de [Jair] Bolsonaro”, atual presidente do Brasil. Essa interpretação parece ser demasiado literal, desde logo por se tratar de um cântico que eventualmente recorre ao sarcasmo ou à ironia para expressar ideias políticas.
Ou seja, as palavras em causa podem ser interpretadas como pedindo não a morte (física, literal) de Bolsonaro, mas a morte (simbólica, metafórica) da presidência de Bolsonaro, traçando um paralelismo com o antigo regime ditatorial liderado por António de Oliveira Salazar (até à sua morte em 1970, tendo sido então sucedido por Marcello Caetano que só seria derrubado no 25 de abril de 1974) em Portugal.
É mesmo verdade que dirigentes e deputados do Bloco de Esquerda, com destaque para a líder Catarina Martins ou a deputada Mariana Mortágua, proferiram as palavras de ordem supracitadas, na forma de cântico: “Ó meu rico Santo António! Ó meu Santo Popular! Leva lá o Bolsonaro para o pé do Salazar”.
Aliás, diversas publicações de ontem com este vídeo (não a do blog “O Insurgente”, ressalve-se) extrapolam ainda mais essa interpretação literal e acusam os bloquistas de terem apelado ao assassinato de Bolsonaro. Nesse âmbito, importa recordar que Salazar não foi assassinado.
Em conclusão, não há dúvidas quanto à veracidade do vídeo e da publicação em análise. Quanto à interpretação das palavras, há uma margem de subjetividade que suscita dúvidas em torno da interpretação mais literal (ou até simplista), segundo a qual os bloquistas “pedem a morte de Bolsonaro”. Esse é o único “mas” que, contudo, não anula os factos verdadeiros já referidos.
Avaliação do Polígrafo:
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