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  • Não é verdade que autoridades estejam manipulando os números de mortos causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul ao classificar os óbitos como "causa não determinada". Familiares de uma das vítimas publicaram vídeos nas redes sociais com tais alegações. A pessoa de fato teve sua morte classificada desta forma, mas essa é uma prática do Instituto-Geral de Perícias (IGP) durante as inundações para permitir que os entes possam velar seus familiares antes da conclusão dos exames de autópsia que determinam a razão do falecimento, agilizando o processo. O UOL Confere considera impreciso alegações que trazem dados próximos da realidade, mas que são inexatos; ou para alegações sem contexto suficiente para a compreensão correta do assunto. A checagem foi sugerida por internautas que mandaram mensagem para o UOL Confere pelo WhatsApp (11) 97684-6049. O que diz o post Em um depoimento publicado em 22 de maio no TikTok, uma usuária identificada como Angelica Riffel relata o falecimento de seu irmão Cleiton, que desapareceu em 4 de maio na cidade de Eldorado do Sul, uma das mais afetadas pelas inundações que assolam o estado. Segundo ela, Cleiton morreu afogado. Em seu perfil no Instagram, Angel havia feito diversas publicações desde 7 de maio relatando o desaparecimento. "Meu irmão sumiu no dia 4 de maio e o encontraram em 8 de maio. Passamos 17 dias buscando ele, até que [em 20 de maio] nos ligaram. O corpo do meu irmão estava todo aberto, irreconhecível. Encontramos um advogado para nos ajudar a resolver isso. Vamos colocar [o caso] na Justiça. Ele não podia ter ido no estado em que foi. Não são só cento e poucos mortos, eles estão omitindo o número. O que eles estão fazendo é de tamanha crueldade", disse Angelica. O vídeo alcançou 196 mil visualizações até a última terça-feira (4). Outro irmão da vítima, que não se identifica no vídeo, também publicou um depoimento no perfil de Angelica afirmando que os familiares foram impedidos de fazer o reconhecimento do cadáver de Cleiton. "Querem que a gente assine um termo autorizando o registro como 'morte não identificada'", afirmou. Segundo ele, o objetivo é não aumentar os registros de mortes por afogamento no estado. Nos comentários da publicação, outros usuários dão relatos similares e questionam as autoridades pela conduta. Por que é impreciso Objetivo é acelerar liberação de corpo. O IGP do Rio Grande do Sul afirmou ao UOL Confere que durante inundações como as atuais alguns corpos chegam em estado avançado de decomposição. Para realizar as necropsias, são coletados exames complementares para investigar com precisão a causa da morte. Para que as famílias não tenham de esperar a conclusão desses exames antes de realizar o sepultamento de seus entes, assim que ocorre a identificação da vítima, a causa da morte é considerada "indeterminada" na declaração de óbito. Causa da morte é alterada depois. Quando esses exames são concluídos, as declarações de óbito das vítimas são alteradas para a causa determinada na autópsia. Por isso, é natural que os óbitos sejam inicialmente declarados como "causa indeterminada". Cleiton aparece como uma das vítimas das enchentes. Ao contrário do que os autores dos vídeos afirmaram, a classificação não serve para mascarar os números de mortos na tragédia gaúcha. Embora o óbito de Cleiton Mazui tenha sido registrado sem uma causa determinada, ele consta na lista oficial de mortos pela onda de chuvas no Rio Grande do Sul, na cidade de Eldorado do Sul, onde seus familiares afirmaram que a morte aconteceu (aqui). Até está quarta-feira (5), a Defesa Civil do Estado contabilizava 172 mortos confirmados e 41 desparecidos (aqui). Autora de vídeo não quis falar. Ao UOL Confere, Angelica disse que ainda não se sentia confortável para falar sobre a morte de seu irmão. Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br. Deixe seu comentário O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.
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