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| - Entre o título e o texto da publicação sob análise há uma diferença substancial: a suposta citação do pai de Valentina, tal como é destacada no primeiro, não aparece no segundo.
“O pai de Valentina, Sandro, confessou que espancou violentamente a filha no passado dia 1 de maio, cinco dias antes da morte da criança, em Peniche. Segundo as declarações do arguido, a menina não queria contar se estava a ser vítima de abusos sexuais. Sandro admitiu que ‘deu uma sova muito grande‘ à criança”, indica-se no texto.
De facto, no dia 13 de maio, inquirido em tribunal, o pai de Valentina “contou que desconfiava que a filha estaria a ser vítima de abusos sexuais, razão pela qual lhe bateu, tentando arrancar uma confissão forçada”, segundo informou a SIC Notícias. “Sandro Bernardo negou, contudo, a intenção de matar a filha, mas admite que a menina morreu depois de ter sido agredida violentamente pelo próprio”.
Mais, “também ouvido pelo juiz de instrução do Tribunal de Leiria foi o filho da madrasta, de 12 anos, que viu a menina agonizar no sofá durante horas e depois a mãe e o padrasto a transportarem a criança à noite para fora de casa. Diz que foi proibido pelo casal de contar a verdade”.
No título da publicação sob análise destaca-se uma citação falsa – não há registo de que Sandro Bernardo tenha proferido tal afirmação, muito menos “em direto” – e, aliás, extrapola-se a amplitude da confissão do pai de Valentina: sim, confessou que a agrediu, mas negou a intenção de matar a filha.
Afinal de onde é que vem o “espumar pela boca”? Como na maior parte das fake news que se tornam virais, esta falsidade tem um fundo de verdade. Ou seja, não é inventada a partir do nada, mas retirada de contexto, deturpada ou extrapolada, de forma a que mais pessoas acreditem (porque leram ou ouviram algo parecido) na mentira.
Ora, de acordo com um relato do jornal “Correio da Manhã”, o filho da madrasta terá dito em tribunal que viu Valentina “tremer, espumar e depois adormecer“. Este detalhe do “espumar”, difundido também por outros órgãos de comunicação social, é assim transposto para a suposta citação do pai de Valentina, assumido como confissão. Reiteramos que é uma citação falsa.
Não se trata da primeira citação falsa do pai de Valentina que o Polígrafo detecta em publicações nas redes sociais. Na semana passada sinalizámos outra publicação com o seguinte título: “Pai de Valentina confessa que matou a própria filha: ‘Não me fazia falta‘”. Além da citação falsa, essa publicação avançava desde logo com a confissão do pai de Valentina que ainda não tinha sido ouvido em tribunal.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Título falso: as principais alegações dos conteúdos do corpo do artigo são verdadeiras, mas a alegação principal no título é factualmente imprecisa.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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