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  • Uma publicação colocada no Instagram afirma que as populações de ursos polares, uma das espécies animais mais ameaçadas pelo aquecimento global, que derrete as calotes polares onde habitam, estão afinal a aumentar — contrariando as evidências sobre as alterações climáticas para que os ambientalistas alertam há longos anos; e em particular para o impacto do aquecimento global para os ursos polares. Referindo-se ao documentário “Uma Verdade Inconveniente”, do político e ambientalista Al Gore, o autor da publicação critica a utilização de imagens de ursos polares “para enaltecer os perigos das alterações climáticas” e alertar para “um cenário catastrófico que resultava na extinção da população de ursos polares num futuro próximo”. “Afinal a realidade é outra”, conclui o autor da publicação, que inclui uma captura de ecrã de um conteúdo publicado originalmente no canadiano Financial Post em setembro deste ano: “Os números apontam para um aumento de 5.000/10.000 indivíduos para 26.000 desde 1960 até aos dias de hoje.” As estimativas mais recentes apontam para a existência de entre 22 mil e 31 mil ursos polares no planeta, divididos em 19 sub-populações distintas identificadas no Canadá (onde vivem 60% a 80% dos indivíduos), Gronelândia, Dinamarca, Noruega, Rússia e Estados Unidos. Os dados da WWF, uma organização não-governamental que se dedica à preservação da natureza, indicam que quatro destas populações estão a diminuir, duas estão a aumentar, duas estão estáveis e que não há informação fiável sobre as restantes. Isso significa que, entre as 19 sub-populações de ursos polares monitorizadas pela WWF, só é possível dizer que o número de animais está a aumentar em duas delas. Mas chegará esse aumento para compensar o decréscimo verificado nas restantes populações — mesmo sem contar com os grupos de ursos polares cuja evolução é desconhecida para os cientistas do ambiente? Segundo a WWF, que é a entidade de referência para estes assuntos, “não, provavelmente não”, mesmo tendo em conta que as estimativas mais recentes sobre o número de ursos polares no planeta sejam maiores que as publicadas em anos anteriores. A questão, a esse respeito, é que “há informações mais precisas para estimar o número de ursos globalmente” — mais precisas do que entre as décadas de 1950 e 1960, quando o biólogo russo Savva Uspenski estimou a população de ursos polares em 5.000 indivíduos. “Abordagens aprimoradas recentes para investigar algumas sub-populações de ursos polares significam que os cientistas podem ser mais precisos nas suas estimativas do número de ursos polares”, confirma a WWF. Ainda assim, e de acordo com os alertas da União Internacional para a Conservação da Natureza, “a qualidade mista e até mesmo a falta de informações disponíveis sobre cada subpopulação significam cautela ao estabelecer e relatar uma única estimativa do número de ursos polares no Ártico circumpolar”. Sendo assim, é impossível afirmar com rigor que a população de ursos polares está a aumentar ou que as alterações climáticas são um exagero dos especialistas. Os bancos de gelo estão a derreter a um ritmo de 14% por ano por causa do aquecimento global e isso terá implicações para as populações de ursos polares, alerta a WWF: o número destes animais deve ter diminuído em 30% até 2050. Em 2040, estima-se que só sobre uma porção de gelo, no nordeste do Canadá e no norte da Groenlândia. Conclusão Não é possível afirmar com rigor que o número de ursos polares está a aumentar e que isso é um sinal de que as alterações climáticas não são reais. As estimativas do número destes animais têm aumentado porque os cientistas têm mecanismos cada vez mais aprimorados para as fazer. O mais provável é que, na realidade, as populações de ursos polares não esteja a diminuir: até 2050 deverão ter diminuído em 30% em relação aos dias de hoje. Mesmo que tal não se verifique, isso não significa que as alterações climáticas (e o aquecimento global em particular) não sejam reais: se elas continuarem aos ritmos atuais, em 2040 só sobrarão bancos de gelo no nordeste do Canadá e no norte da Groenlândia. Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é: ENGANADOR No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é: PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta. NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de factchecking com o Facebook.
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