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| - Desde que, a 7 de outubro, o Hamas lançou a “Operação Tempestade Al-Aqsa” sobre Israel, que respondeu com uma vaga de ataques aéreos na Faixa de Gaza, vídeos e imagens gráficas do conflito têm inundado as redes sociais. Um dos vídeos mais partilhados, em plataformas como o X (antigo Twitter) e o Facebook, mostra um grupo de crianças trancadas em jaulas, enquanto se ouvem risos por trás. Na legenda que acompanha a gravação alega-se que essas são algumas das crianças israelitas raptadas pelos combatentes do Hamas, grupo considerado pela União Europeia e vários países ocidentais como uma organização terrorista.
Durante o ataque a Israel, o Hamas raptou mais de 230 pessoas, incluindo menores, que foram levados para a Faixa de Gaza, segundo denunciaram as autoridades israelitas. O próprio grupo admitiu ter escondido os reféns, em “locais seguros e túneis”, tendo ameaçado matá-los caso as forças israelitas continuem a bombardear infraestruturas civis. Mas significa isso que o vídeo é verdadeiro e mostra de facto crianças israelitas reféns?
Ao contrário das alegações, os menores das imagens não foram raptados pelo Hamas em Israel no ataque de 7 de outubro. Não é claro quando é que o vídeo foi originalmente publicado, mas é certo que versões idênticas circulam nas redes sociais pelo menos desde a semana anterior ao ataque. Segundo uma investigação do FakeReporter, uma organização israelita que monitoriza desinformação e discurso de ódio, as imagens dizem respeito a um vídeo publicado no Tik Tok a 4 de outubro e que foi, entretanto, apagado pela rede social.
Children in cages video:
We keep being asked for the original video. The Tiktok video we saw has been erased, and the link is broken. here it is: https://t.co/NfeACQngPB
We DON'T know where it came from. The only thing we know about the video is its time stamp: it was published… pic.twitter.com/1e5iO9lsiI
— פייק ריפורטר | FakeReporter (@FakeReporter) October 9, 2023
“Reportámos que é falso e que não é definitivamente um vídeo atual de Gaza, mas ninguém do X respondeu”, explicou ao New York Times Achiya Schatz, diretora do FakeReporter. Apesar da denúncia, nesta e noutras redes sociais o vídeo continua a ser partilhado com retratando crianças israelitas sem qualquer descrição das plataformas que identifique a alegação como falsa.
Não foi possível, para já, identificar quem são e de onde são os menores nas imagens em questão. Em algumas publicações alega-se que se trata de crianças palestinianas em centros de detenção em Israel, enquanto outras as identificam como provenientes de países como o Afeganistão, a Síria e o Iémen.
Em resposta à propagação desta e outras publicações, a Comissão Europeia, que está a pressionar as empresas de redes sociais a removerem conteúdos ilegais e prejudiciais, no âmbito da Lei dos Serviços Digitais (DSA, na sigla em inglês), e cuja violação pode resultar em multas pesadas, voltou a alertar que várias plataformas estão a ser usadas para disseminar conteúdos ilegais e informações falsas na sequência do conflito no Médio Oriente.
Conclusão
Ainda que o Hamas tenham raptado dezenas de israelitas, incluindo crianças, na sequência do ataque lançado no início de outubro, o vídeo em questão não mostra menores levados pelos militantes do grupo para a Faixa de Gaza.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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