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| - “Na Finlândia, o custo de uma multa por excesso de velocidade é determinado pelo seu salário. Em 2002, um executivo da Nokia apanhou uma multa de 103 mil dólares por conduzir a 75 km/hora numa zona de 50 km/hora”. Esta história tem sido partilhada nas redes sociais, em múltiplas línguas, sobretudo em grupos relacionados com bicicletas e mobilidade urbana.
Numa das publicações detetadas em Portugal comenta-se: “Por cá isso não ia ter sucesso. Quem mais ganha, inventa mil e uma maneiras para não declarar nada, por isso esse executivo em Portugal talvez até ficasse isento”; “E? Continua a ser uma multa ao alcance de uma classe privilegiada.”
O Polígrafo recebeu pedidos de verificação deste conteúdo. Apesar das dúvidas levantadas, confirma-se que é verdade que, na Finlândia, o sistema de cálculo de multas é bastante diferente da maior parte dos países europeus. No entanto, como se explica num artigo de 2015 da revista “The Atlantic”, não deixa de ser “relativamente simples”.
Tudo começa com uma estimativa: o orçamento diário de cada finlandês. Metade desse valor é considerado como um montante razoável de dinheiro a retirar ao infrator. Depois, com base na gravidade da infração, o sistema calcula durante quantos dias é que será cobrado esse valor.
A título de exemplo, circular a 15 km/h acima do limite de velocidade resulta numa multiplicação de 12 dias, ao passo que ultrapassar 40 km/h acima do limite ativa um multiplicador de 22 dias. Segundo a “The Atlantic”, grande parte dos automobilistas apanhados em excesso de velocidade paga entre 30 a 50 euros por dia, perfazendo um total que varia entre os 400 e os 500 euros.
O multiplicador máximo é de 120 dias, mas isso não significa que haja um limite máximo para a multa. Até porque esta estabelece mesmo uma relação de proporcionalidade direta com o salário do infrator, independentemente dos ganhos de cada um. Países como a Suécia, Dinamarca, Alemanha, Áustria e França também aplicam multas progressivas.
Quanto ao diretor executivo da Nokia, Anssi Vanjoki (que entretanto já não trabalha nessa empresa finlandesa), é também verídico que em meados de 2002 foi condenado a pagar uma multa de 116 mil euros, o equivalente, à data, a 103 mil dólares, depois de ter sido apanhado a exceder o limite de velocidade num motociclo, em Helsínquia, capital finlandesa.
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Avaliação do Polígrafo:
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