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| - “O Agrupamento de Escuteiros Católico 773 da Póvoa de Santa Iria está a publicitar nas suas redes sociais e website o aluguer de um espaço de acampamento para peregrinos durante a semana da Jornada Mundial da Juventude”, lê-se na denúncia enviada ao Polígrafo. De facto, na página do agrupamento consta que “na perspetiva de uma maior dinamização e envolvimento, é nosso objetivo que a nossa cidade seja um grande centro de acolhimento, sendo a Quinta Municipal da Piedade, especificamente o PE\PSI – Parque Escutista da Póvoa de Santa Iria o grande centro dessa celebração criando as condições de acolhimento em modo de acampamento e mini festival a que demos o nome de PE\PSI Jambo JMJ’23”.
Por alojamento (em tendas), pequeno almoço e um kit, o agrupamento estará a cobrar 150 euros pelas sete noites de JMJ. Além disso, “ainda cobram a opção de refeição em take-away, com custo de 15 euros por pessoa. Tendo em conta que os peregrinos precisam de duas refeições (almoço e jantar), seriam 30 euros por dia por pessoa, o que, para sete dias, daria 210 euros. Se a isto somarmos os 150 euros do alojamento em tendas com pequeno-almoço, dá um total de 360 euros. A isto, um peregrino ainda tinha de acrescentar a inscrição na JMJ, pelo menos com o pacote mais barato para toda a semana (seguro, kit e transporte), no valor de 95 euros. Contas feitas pagaria no total 455 euros“.
Um a um, verificamos estes números e comparamos com os praticados pela Fundação JMJ Lisboa 2023.
Desde logo, confirma-se que é verdade, segundo o preçário disponível no site do agrupamento de escuteiros, que o pacote com tenda, pequeno-almoço e kit “Pepsi Jambo” custará 150 euros por noite ao peregrino, entre os dias 31 de julho e 6 de agosto. Por sua vez, se forem duas pessoas (tenda dupla), o preço fica nos 280 euros, um desconto de 20 euros face ao valor que seria esperado.
Se as estes valores juntarmos as refeições do dia, ou seja, o “kit refeição para levar”, temos que somar 30 euros por dia (15 euros por refeição) ao montante acima indicado. Fazendo as contas para um peregrino, estamos perante um custo acrescido de 210 euros que, somados aos 150 euros cobrados pelo “alojamento”, resultam em 360 euros no total.
O agrupamento de escuteiros deixa, porém, uma nota: “Os valores apresentados não incluem a inscrição nas jornadas da JMJ, que será da responsabilidade de cada um dos campistas.” Assim, e mediante os preços apresentados pela Fundação da JMJ, o peregrino terá que pagar pelo menos mais 95 euros para participar na semana completa. Valor final: 455 euros.
Ora, se o mesmo peregrino optar por se inscrever diretamente no portal da JMJ, com um pacote que inclui alojamento, alimentação, transporte, seguro e kit do peregrino, desde a noite de 31 de julho (jantar incluído) até à manhã de 7 de agosto (pequeno-almoço incluído), terá que pagar 235 euros no mínimo e 255 euros no máximo (este último se pretender o prolongamento dos serviços por mais um dia).
Contas feitas, estamos perante um valor em 200 euros inferior ao praticado pelo agrupamento de escuteiros. Mas, afinal, quais são as vantagens de seguir com o grupo?
O coordenador, Bruno Gomes, explica ao Polígrafo: “No espaço que estamos a dinamizar o PE\PSI Parque escutista da Póvoa de Santa Iria, já recebemos grupos de escuteiros a cobrar. De qualquer forma, é um projeto futuro e que carece ainda de construção/aluguer dos apoios de WC e duche.” O valor pedido pelo agrupamento inclui ainda “merchandising alusivo ao evento PE\PSI Jambo, evento a que queremos dar continuidade em anos futuros com periodicidade bianual”.
Além disso, “a nossa proposta vai muito além do alojamento“, explica. “Os peregrinos terão direito a participar gratuitamente nas atividades propostas, excepto no passeio de barco”, sendo que “a postura do agrupamento é sempre de ajudar quem necessita e, em caso de necessidade, estaremos disponíveis para acolher gratuitamente quem nos contacte”.
“O nosso espaço apenas será de dormida e não inclui a inscrição nas JMJ. Inclui as condições necessárias: WC, duches, wi-fi, segurança e o programa de animação proposto. Em caso de necessidade, disponibilizaremos tendas, um investimento que foi necessário fazer”. O registo, diz Bruno Gomes, é “mais destinado a grupos internacionais, visto que é mais difícil ‘voar’ com tendas”.
Mas há mesmo quem procure este serviço? Bruno Gomes diz que pode ser uma solução para quem “não quer pagar o valor total das JMJ, mas participar apenas na vigília com o Papa Francisco. Vêm em peregrinação de Fátima e ficarão acampados no nosso campo. Neste momento temos 40 inscritos que ficam em média duas a três noites” e que “preferem ter um espaço certo por 3 a 5 euros cada noite do que pagar quartos a 500 euros”.
O valor arrecadado, garante, “será totalmente direcionado para contribuir para a construção do PE\PSI, equipamento que ficará de futuro disponível para todos os escuteiros acamparem”. Quanto à cedência do espaço à JMJ, Bruno Gomes diz que “o espaço faz parte da rede de acolhimento” e acolherá quem quer que seja indicado. Além disso, o responsável refere que as refeições “a pedido” permitem que os peregrinos possam optar por “comprar o pacote que inclua refeições”.
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Avaliação do Polígrafo:
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