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| - “Lula [da Silva] bateu nos seus mandatos anteriores todos os recordes de desflorestação amazónica, pois os custos em dinheiro e vidas humanas foram irrelevantes, visto que, segundo a esquerda quando está no poder, a única alternativa é a total destruição do planeta Terra”, destaca-se num post de 20 de novembro no Facebook, remetido ao Polígrafo com pedido de verificação de factos.
A publicação exibe a imagem de uma notícia recente – “Presidente eleito do Brasil, Lula é recebido com aplausos na COP27” – associada também a um gráfico com dados sobre a taxa anual de desmatamento na Amazónia.
A notícia é verdadeira, com origem na AFP, datada de 16 de novembro de 2022. Foi aliás reproduzida em vários órgãos de comunicação social brasileiros. No entanto, a versão original não inclui o gráfico da taxa anual de desmatamento. Ou seja, esse elemento foi acrescentado na publicação que está a circular nas redes sociais, como se fizesse parte da notícia, enganando os leitores.
O gráfico foi replicado a partir de um artigo da “Amazônia Real”, agência de jornalismo independente e investigativo, com o seguinte título: “O Desmatamento da Amazônia Brasileira: 14 – O aumento do desmatamento pós-desaceleração.”
Luiz Inácio Lula da Silva já tinha exercido o cargo de Presidente do Brasil entre 2003 e 2010, dois mandatos consecutivos, antes de ser reeleito agora em 2022 (derrotou o incumbente Jair Bolsonaro) para um novo mandato. Nesses primeiros mandatos, de facto, registaram-se picos de desflorestação na Amazónia, mais precisamente logo nos dois primeiros anos: em 2003 e 2004.
De acordo com os dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que pode consultar aqui, durante o período da Presidência de Lula da Silva (entre 2003 e 2010) registou-se um total de 125.494 km² no âmbito do desmatamento da Floresta Amazónica Brasileira, perfazendo uma média anual de 15.686 km².
Mais recentemente, durante o período da Presidência de Jair Bolsonaro (desde 2019) registou-se um total de 34.018 km², perfazendo uma média anual de 11.339 km².
O desmatamento da Amazónia quase bateu o ponto máximo (29.059 km² em 1995) nos dois primeiros anos de Lula da Silva na Presidência do Brasil (25.396 km² em 2003 e 27.772 km² em 2004). Excluindo esses dois primeiros anos, a média anual de Lula da Silva baixaria para 12.054 km², muito próxima da média anual (provisória, sem os dados de 2022) de Jair Bolsonaro.
No entanto, logo em 2005 iniciou-se uma trajetória descendente que culminou em 7.000 km² no ano de 2010, muito próximo do ponto mínimo (4.571 km² em 2012).
Na Presidência de Jair Bolsonaro, essa trajetória descendente foi invertida: logo em 2019 superou a fasquia de 10.000 km², algo que já não acontecia desde 2008; e nos dois anos seguintes voltou a aumentar para 10.851 km² em 2020 e 13.038 km² em 2021, o valor mais elevado desde 2006.
De qualquer modo, o recorde de desflorestação foi registado em 1995, com uma área total de 29.059 km², durante a Presidência de Fernando Henrique Cardoso. Pelo que não é verdade que Lula da Silva “bateu todos os recordes de desflorestação amazónica”
Mais, Lula da Silva foi responsável pela criação de 80% das áreas protegidas na Amazónia. De acordo com os dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazónia (Imazon), a partir de 2003 verificou-se um pico na criação de áreas protegidas.
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Avaliação do Polígrafo:
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