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| - É mais um caso de informação falsa disseminada através de ferramentas de edição digital, como o deepfake. Tornou-se viral nos últimos dias uma suposta reportagem do canal de televisão brasileiro Globo que mostra dados de uma sondagem do instituto Ipec, com base nos quais Jair Bolsonaro lidera as intenções de voto, contra Lula da Silva. Mas as imagens e o áudio originais foram manipulados digitalmente.
Na verdade, a Globo mostrou exatamente o contrário: de acordo com os dados da sondagem, divulgados no Jornal Nacional de 12 de setembro, Lula da Silva ia à frente de Bolsonaro, com 46% das intenções de voto, contra os 31% do atual presidente. Utilizadores de redes sociais manipularam a reportagem para fazer crer o contrário.
“A já não tão poderosa Globo se curva e mostra Bolsonaro na frente pelo IPEC, instituto de pesquisa que ela mesmo contratou”, escreveu um utilizador de Facebook, ao partilhar a reportagem manipulada.
A versão falsa da peça troca os nomes dos candidatos nas falas dos apresentadores e nos gráficos exibidos.
Analisemos um exemplo prático. Nas imagens em baixo, é possível ver como a informação foi manipulada. Na imagem da esquerda, vemos que Bolsonaro lidera, à frente de Lula da Silva. Mas a informação é falsa. A imagem da direita mostra a informação verdadeira, transmitida pelo Jornal Nacional da Globo no dia 12 de setembro. Naquele dia, Lula da Silva liderava as intenções de voto com 46%, face aos 31% de Bolsonaro, e não o contrário.
A mesma manipulação foi feita várias vezes ao longo da peça, incluindo nos áudios dos apresentadores.
A peça original da Globo pode ser vista aqui e os dados da sondagem podem ser consultados na íntegra aqui.
Mais recentemente, no dia 19 de setembro, a Globo veio a público alertar para o vídeo falso.
“Nestas eleições, a guerra travada na internet ganhou arma nova: o deepfake, instrumento de adulteração de sons e imagens que usa inteligência artificial. Um desses vídeos afirma que Bolsonaro estaria à frente na pesquisa de intenção de voto do Ipec, o que é falso”, escreveu o canal de televisão numa publicação nas redes sociais.
Nestas eleições, a guerra travada na internet ganhou arma nova: o deepfake, instrumento de adulteração de sons e imagens que usa inteligência artificial. Um desses vídeos afirma que Bolsonaro estaria à frente na pesquisa de intenção de voto do Ipec, o que é falso. #JN pic.twitter.com/rBi3FroQKR
— Jornal Nacional (@jornalnacional) September 20, 2022
O Ipec, instituto responsável pela sondagem, também já denunciou a situação. Numa nota enviada ao site de notícias brasileiro G1, o organismo é taxativo: “É falso o vídeo que circula em redes sociais e grupos de WhatsApp onde o presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece com 46% das intenções de voto e o ex-presidente Lula, do PT, com 31%, segundo dados do Ipec e com imagens do Jornal Nacional, da TV Globo”. O Ipec adianta que já denunciou o vídeo às autoridades.
Esta verificação de factos também já foi feita por outros órgãos internacionais, como a Reuters.
Com o aproximar das eleições presidenciais brasileiras, marcadas para este domingo, 2 de outubro, têm sido cada vez mais as notícias falsas sobre os candidatos a circular nas redes sociais.
Ataques contra os brasileiros, elogios de Isabel II e corte no período de férias. As fake news que marcaram a semana de campanha no Brasil
Conclusão.
Falso. O presidente brasileiro Jair Bolsonaro não lidera as intenções de voto com 46%, contra os 31% do adversário Lula da Silva, com base numa sondagem do instituto Ipec divulgada a 12 de setmebro no Jornal Nacional da Globo. Os dados da sondagem mostram precisamente o contrário: é Lula quem vai à frente. Mas utilizadores de redes sociais manipularam digitalmente a reportagem para fazer crer o contrário.
Trata-se de um vídeo falso que já foi denunciado publicamente pela Globo e pelo instituto que fez a sondagem.
Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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