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| - No espaço de comentário político que mantém na TVI24, a 30 de janeiro, Manuela Ferreira Leite, ex-líder do PSD e ex-ministra das Finanças, afirmou que “já conhecíamos a lista de maiores devedores da Caixa Geral de Depósitos há muito tempo”. Ferreira Leite comentava a revelação, na semana passada, do relatório preliminar de auditoria à gestão da Caixa Geral de Depósitos (no período entre 2000 e 2015) que a consultora EY realizou a pedido do Ministério das Finanças.
Nesse relatório preliminar da EY foram identificados os 200 maiores devedores da CGD, com destaque para 64 casos mais problemáticos em que as operações de crédito foram aprovadas com parecer de análise de risco desfavorável, ou sem obter toda a informação exigível ou em que as garantias assinadas em contrato não são suficientes para cobrir o rácio de cobertura de 120%, entre outras situações.
O relatório preliminar da EY começou a circular nos meios de comunicação social após uma primeira revelação, em direto na estação CMTV, pela comentadora Joana Amaral Dias. Nas várias notícias produzidas entretanto sobre o relatório identificam-se pelo menos 46 grandes devedores da Caixa Geral de Depósitos, com a exposição registada em 2015 e também o valor da perda por imparidade para o banco público.
Eis a lista desses maiores devedores identificados no relatório preliminar: Artlant, Investifino, Fundação Berardo, AE Douro Litoral, Jupiter, Opway, Vale Lobo Resort, Always Special, Finpro, Metalgest, Birchview, QDL, Real Formosa, Lena Construções, Promovet, Soil, PFR Invest, Golf Praia Marinha, Consfly, Cister, Obriverca, Fundação Horácio Roque, SGC, Imorequerente, MSF SGPS, MSF Engenharia, Povadesp, CP Comboios Portugal, Efacec, Silcoge, FDO Construções, Construções Lagarça, Paceteg, SET João Bernardino Gomes, Imomarina, Operfracção, MSF Activos Imobiliários, Campiscinas, APJ, Arcada, Fercal, Multi 25, Evolution Group, Extrinvest, Liga Amigos e Fundação Salvador Caetano.
Ora, alguns destes grandes devedores já eram conhecidos pelo menos desde junho de 2016, quando o jornal “Correio da Manhã” divulgou a seguinte lista de 11 grandes devedores da Caixa Geral de Depósitos, baseando-se num relatório da comissão de auditoria interna do banco público, entregue ao Governo (então liderado por Pedro Passos Coelho) em agosto de 2015.
Eis essa lista conhecida há cerca de dois anos e meio:
1. Artlant: empréstimos de 476,4 milhões de euros, imparidades de 214 milhões de euros.
2. Efacec: empréstimos de 303 milhões de euros, imparidades de 15,2 milhões de euros.
3. Vale do Lobo: empréstimos de 282,9 milhões de euros, imparidades de 138 milhões de euros.
4. Autoestradas Douro Litoral: empréstimos de 271,3 milhões de euros, imparidades de 181,4 milhões de euros.
5. Grupo Espírito Santo: empréstimos de 237 milhões de euros, imparidades de 79 milhões de euros.
6. Grupo Lena: empréstimos de 225 milhões de euros, imparidades de 76,7 milhões de euros.
7. António Mosquito: empréstimos de 178 milhões de euros, 49,2 milhões de imparidades.
8. Reyal Rubis: empréstimos de 166,6 milhões de euros, imparidades de 133 milhões de euros.
9. Finpro: empréstimos de 123,9 milhões de euros, 24,8 milhões de imparidades.
10. Brisal: empréstimo de 37,9 milhões, imparidades de 22,7 milhões de euros.
11. Acuinova: empréstimo de 37,9 milhões de euros, imparidades de 22,7 milhões de euros.
Em suma, os relatórios são diferentes, tal como os números das imparidades (desde logo porque o relatório da comissão de auditoria interna do banco indicava os números registados em agosto de 2015, ao passo que o relatório preliminar de auditoria da EY indica os números referentes a dezembro de 2015). Mais, as notícias sobre o relatório da comissão de auditoria interna revelavam apenas 11 grandes devedores, ao passo que as notícias sobre o relatório preliminar da EY estão a mostrar pelo menos 66 grandes devedores.
Dizer que “já conhecíamos a lista de maiores devedores da Caixa Geral de Depósitos há muito tempo”, como Ferreira Leite salientou ontem à noite em comentário na televisão, é no mínimo impreciso. A amplitude deste novo relatório é maior, os números são diferentes, mais recentes, e em vez de 11 devedores estão a ser divulgados 66 devedores.
Avaliação do Polígrafo:
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