schema:text
| - António Costa esteve mais de uma hora a responder aos jornalistas depois de ter anunciado a nomeação de João Galamba e Marina Gonçalves como novos ministros das Infraestruturas e da Habitação, respetivamente. As conhecidas figuras socialistas vêm substituir Pedro Nuno Santos depois da polémica que envolveu a TAP e Alexandra Reis e que amargou o início do ano do Executivo de Costa. Sobre o seu período de governação, o Primeiro-Ministro garantiu ontem que manteve sempre “um bom equilíbrio”, mas não deixou de destacar os dissabores que podem ou não justificar a instabilidade que vive agora o seu Governo: “Ao longo destes sete anos de governação tenho enfrentado diversos momentos muito exigentes: recuperação financeira, pandemia, uma situação de inflação e de crise económica em várias regiões do Mundo. Em todos estes momentos muito difíceis foi sempre possível ultrapassar as dificuldades e, não obstante as vicissitudes na composição do Governo, assegurar sempre a estabilidade das políticas.”
Mas não é só o passado que atormenta Costa: “O momento que estamos a viver é um momento muitíssimo exigente: Guerra na Europa, uma inflação como há 30 anos não tínhamos. E portanto a responsabilidade de governar, neste momento, é pesada. Mas ninguém que é primeiro-ministro pode ter receio das responsabilidades e deve-as assumir.”
O primeiro-ministro está certo quanto à inflação?
A resposta é positiva.
Segundo o boletim divulgado a 11 de novembro pelo INE, relativo ao mês de outubro de 2022, “a variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) foi 10,1%” nesse mês, uma “taxa superior em 0,8 pontos percentuais (p.p.) à observada no mês anterior e a mais elevada desde maio de 1992″.
Contas feitas, há 30 anos que a inflação não era tão elevada quanto a registada em outubro do ano passado. “O indicador de inflação subjacente (índice total excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) manteve a tendência de subida dos meses anteriores, registando uma variação de 7,1% (6,9% em setembro)”, explica o INE, e “a variação do índice relativo aos produtos energéticos aumentou para 27,6% (22,2% no mês precedente), enquanto o índice referente aos produtos alimentares não transformados acelerou para 18,9% (16,9% em setembro)”.
Já o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português “apresentou uma variação homóloga de 10,6%, superior em 0,8 p.p. à do mês anterior e inferior em 0,1 p.p. ao valor estimado pelo Eurostat para a área do Euro (em setembro, a taxa em Portugal tinha sido igualmente inferior em 0,1 p.p. à da área do Euro). Excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos, o IHPC em Portugal atingiu uma variação homóloga de 8,0% em outubro (7,9% em setembro), superior à taxa correspondente para a área do Euro (estimada em 6,4%), mantendo o perfil ascendente verificado nos últimos meses”.
Mesmo na série de estimativas rápidas publicada a 30 de dezembro de 2022, pelo INE, Portugal não escapa à taxa de inflação mais elevada das últimas três décadas. Os dados definitivos referentes ao IPC do mês de dezembro de 2022 só serão publicados no próximo dia 11 de janeiro, mas “tendo por base a informação já apurada, a taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) terá diminuído para 9,6% em dezembro, taxa inferior em 0,3 pontos percentuais (p.p.) à observada no mês anterior”.
Ainda assim, “estima-se uma variação média nos últimos doze meses de 7,8% (7,3% no mês anterior)”, a maior desde dezembro de 1992, quando se registou uma variação de 9,56%.
|