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| - “Uma montanha gigante de lixo num aterro a céu aberto, localizado perto de habitações, está a revoltar a população da Azambuja, no Ribatejo. Mas apesar dos protestos, o monte de resíduos vai continuar a aumentar muito devido às 79 mil toneladas de lixo que Portugal vai importar do estrangeiro até 2021”. Começa assim uma notícia publicada no site Zap.aeiou, baseada numa notícia original do jornal Valor Local, ue está a provocar indignação entre muitos, nomeadamente nas redes sociais. “É uma coisa inacreditável! Nós acordamos de manhã, abrimos a janela de casa e é um cheiro a lixo. Depois, há bandos de gaivotas a chafurdar. É um espetáculo horrível (…)”, diz um habitante da zona à publicação em causa.
Confirma-se que os aterros de Alenquer e da Azambuja estão a receber toneladas de resíduos estrangeiros que, por sua vez, estão a provocar mau cheiro e a incomodar a população?
A resposta é positiva. Contactada pelo Polígrafo, a Agência Portuguesa do Ambiente, afirma que até janeiro de 2021 serão importadas126 mil toneladas de lixo estrangeiro: 50 mil vão para o aterro de Alenquer e as outras 76 mil serão depositadas no aterro da Azambuja. A Agência Portuguesa do Ambiente confirmou ainda ao Polígrafo SIC que o lixo provém de países como Itália e Malta.
O processo já iniciou: os dois aterros já receberam 19.775 e 32.130 toneladas, respectivamente. Ou seja: falta-lhes acolher 74.095 toneladas – e não 79 mil, como indica a publicação em análise.
Rui Berkemeier, da Associação Zero, sublinhou ao Polígrafo que no caso dos resíduos italianos se trata de “uma situação de solidariedade internacional entre vários países para resolver uma situação pontual, que se espera que no futuro não se repita”. O especialista refere-se ao facto de a máfia italiana ter “tomado conta dos tratamentos de resíduos” sem que os tenha tratado devidamente. Resultado: Itália viu-se em mãos com uma quantidade brutal de resíduos por tratar e agora está a exportá-los.
Rui Berkemeier, da Associação Zero, sublinhou ao Polígrafo que no caso dos resíduos italianos se trata de “uma situação de solidariedade internacional entre vários países para resolver uma situação pontual, que se espera que no futuro não se repita”.
Em relação às queixas de mau cheiro por parte da população da Azambuja, Rui Berkemeier esclarece que a “culpa” não será dos resíduos italianos ou malteses, uma vez que estes já chegam maturados e sem cheiro. “Decorre da existência nos aterros de resíduos orgânicos frescos com origem em Portugal, que não são tratados, e não dos resíduos já maturados e sem cheiro”, conclui.
Em suma, a informação é verdadeira. Porém, importa realçar que à data de hoje, o número de toneladas que a publicação indica como “a caminho” dos aterros está desatualizado, para além de que o que motiva o mau cheiro destes locais não são os resíduos estrangeiros, mas sim os nacionais.
Nota: este fact-check foi atualizado às 20h14 com a introdução da fonte original da informação em causa: o jornal Valor Local. A avaliação não sofre alterações.
Avaliação do Polígrafo:
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