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| - A saga das relações familiares na política nacional está para durar. Depois de, no passado domingo, Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda (BE) ter pedido aos socialistas uma “reflexão” sobre a “ocupação de cargos políticos por pessoas com muita afinidade”, ontem o líder parlamentar socialista, Carlos César – ele próprio membro de uma família com várias ramificações em cargos públicos – reagiu à polémica. E fê-lo à defesa e ao ataque.
A defesa: “Acho natural que, em determinadas famílias, onde essa vocação se multiplica, as pessoas tenham empenhamento cívico similar. Não me admiro nada que essas coisas aconteçam. O que é importante é existir transparência e competência.”
O ataque: “Fico muito surpreendido com acusações dessa natureza. Não percebo como é que o BE as pode fazer, sendo um partido onde são diretas e abundantes as ligações familiares no seu grupo parlamentar.”
Será mesmo assim? Será que o BE não tem autoridade para falar no que respeita à existência de ligações familiares no seu grupo parlamentar? O Polígrafo contactou Carlos César e o assessor de imprensa do BE, João Curvêlo. Nenhum quis acrescentar nada ao que já foi dito.
Porém, o Polígrafo pode garantir que as declarações de Carlos César, pelo menos no que respeita ao grupo parlamentar do BE, carecem de fundamentação. De facto, além da ligação conhecida das irmãs Mortágua (Joana e Mariana são filhas de Camilo Mortágua), não é conhecida mais nenhuma relação de parentesco entre os parlamentares bloquistas.
Nas suas declarações, César dirigiu também farpas a Luís Marques Mendes, que no seu programa de comentário na SIC criticou duramente os socialistas. Em resposta, o líder do PS afirmou o que se segue: “Não percebo como é que alguns comentadores podem falar sobre estas matérias. Recordo o caso do doutor Marques Mendes – o seu pai foi deputado na primeira, terceira, quarta e quinta legislatura. O doutor Marques Mendes foi ministro de cinco Governos, tendo sido também deputado e líder parlamentar e a sua irmã é deputada e dirigente parlamentar.” Confirma-se que o pai do comentador da SIC ocupou vários cargos políticos, mas também é importante sublinhar que a sua carreira política em nada está relacionada com o facto de o seu filho ter desempenhado cargos de relevo – muito antes da entrada de Mendes no Governo de Cavaco Silva, já António Marques Mendes, falecido em 2015, era uma figura destacada do PPD/PSD.
Avaliação do Polígrafo:
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