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| - “Urgente! Pesquisa [sondagem] BTG mostra cenário de [Jair] Bolsonaro com 88% das intenções de voto à frente de Lula [da Silva]”, anuncia-se num dos posts detetados pelo Polígrafo nos últimos dias, replicando uma mensagem que se tornou viral no Brasil e entretanto já chegou a Portugal também via redes sociais.
Esta sondagem é real e atribui mesmo “88% das intenções de voto” a Bolsonaro?
Na generalidade dos meios de comunicação social do Brasil, a 25 de julho, foi noticiado que uma nova sondagem BTG Pactual/FSB, divulgada nesse mesmo dia, resultou em 44% das intenções de voto para Lula da Silva, à frente de Jair Bolsonaro com apenas 31% (aliás, pode consultar aqui a versão integral da sondagem em causa).
“O Instituto FSB ouviu 2.000 eleitores por telefone de 22 a 24 de julho de 2022. A pesquisa foi registada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95%. A pesquisa foi contratada pelo Banco BTG Pactual”, informou o jornal digital “Poder360”.
A sondagem inclui várias avaliações e cenários, desde logo uma disputa entre Lula da Silva e Bolsonaro numa eventual segunda volta da eleição presidencial e, nessa circunstância, atribui 54% das intenções de voto ao antigo Presidente e 36% ao atual Presidente.
Por entre uma série de cenários que conferem vantagem a Lula da Silva, porém, há uma avaliação que apresenta um resultado inverso, precisamente a origem do equívoco que está a ser difundido nas redes sociais.
Trata-se de uma contagem parcial entre os inquiridos que dizem estar a viver “um bom momento económico“, dos quais 88% indicaram que votarão em Bolsonaro na primeira volta. Entre os que dizem estar “em crise económica, mas conseguindo superar”, também há uma larga maioria (65%) que declara a intenção de voto em Bolsonaro.
“O cenário de 88% das intenções de voto para o atual Presidente se deu apenas entre aqueles que consideram estar vivendo ‘um bom momento económico’, em resposta estimulada e única. De acordo com a mesma sondagem, esse universo corresponde a 6% do total dos entrevistados”, sublinhou a AFP Checamos, em verificação de factos sobre esta matéria.
Ou seja, as intenções de voto de apenas 6% do total de inquiridos na sondagem estão a ser extrapoladas nas redes sociais como sendo o resultado global dessa sondagem que assim conferiria uma vantagem substancial para Bolsonaro. É um logro de tal forma grosseiro – uma evidência ao analisar os dados reais da sondagem – que obriga a aplicar um incontornável selo de “Falso“.
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Avaliação do Polígrafo:
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