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  • O aumento do preço dos combustíveis trouxe às redes sociais uma questão antiga: serão os combustíveis vendidos nos supermercados e postos de abastecimento low cost bons para os veículos? Numa publicação partilhada no Facebook é afirmado que os combustíveis simples em Portugal só são low cost no preço, uma vez que têm todos a mesma origem: a refinaria de Sines. Será verdade? “Em Portugal os combustíveis são refinados unicamente em Sines (eram também em Matosinhos, mas o centralismo continua a dar cartas). O combustível que os postos que não são de bandeira (por exemplo, dos hipermercados) vendem, são carregados e selados na mesma ‘boca’ onde carregam para os postos da Galp. São desselados no posto de destino, e são fiscalizados nas viagens inopinadamente pelas autoridades”, pode ler-se numa publicação, de 22 de outubro, que teve centenas de partilhas. De facto, atualmente está em funcionamento apenas uma refinaria em Portugal, que é gerida pela Petrogal, uma empresa do grupo Galp. A refinaria de Matosinhos, que era também administrada pelo mesmo grupo, fechou portas este ano, como noticiou o “Observador“, mas isso não significa que todo o combustível vendido em Portugal seja obrigatoriamente refinado em território nacional. “Nem todo o combustível vendido em Portugal vem da refinaria de Sines”, uma vez que “existem operadores no mercado português com acesso a infraestruturas próprias, as quais lhes permitem a importação de produtos refinados”. A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) explica ao Polígrafo que “nem todo o combustível vendido em Portugal vem da refinaria de Sines”, uma vez que “existem operadores no mercado português com acesso a infraestruturas próprias, as quais lhes permitem a importação de produtos refinados”. No entanto, ressalva que “os combustíveis no mercado nacional devem cumprir a legislação que regula as suas características base, para garantir o correto funcionamento dos motores” e que “é seguro para os veículos dos clientes abastecerem em qualquer posto de abastecimento em Portugal”. Segundo a relatório da “Análise do Mercado de Combustíveis Líquidos Rodoviários 2018-2020”, entre os anos de 2018 e 2019, a quantidade de gasolina produzida no aparelho refinador nacional “satisfaz a totalidade das necessidades do SPN [Sistema Petrolífero Nacional], sendo três vezes superior a este valor”. Também em 2018, “a quantidade de gasóleo produzida foi suficiente para satisfazer a totalidade das necessidades do SPN”. No entanto, no ano seguinte, a produção nacional “satisfez apenas 95% das introduções a consumo”. É importante ressalvar que no período analisado estavam em funcionamento as duas refinarias portuguesas – a de Sines e a de Matosinhos. “Nós consumimos maioritariamente combustível produzido em Portugal, nas refinarias portuguesas, por isso vem todo do mesmo lugar. Pode existir importação, mas é residual”, explica Alexandre Marvão, responsável pela área de mobilidade na DECO Proteste. O especialista sublinha ainda que, “na base, o combustível é todo o mesmo” e existem normas para que o combustível simples “cumpra garantidamente os requisitos de qualidade exigíveis para os combustíveis”. As normas para a produção de combustíveis estão especificadas no decreto de lei nº 214E/2015. “Na base, o combustível é todo o mesmo” e existem normas para que o combustível simples “cumpra garantidamente os requisitos de qualidade exigíveis para os combustíveis”. Também Luís Serrano, professor no curso de Engenharia Automóvel no Instituto Politécnico de Leiria, afirma que “todo o combustível que existe em Portugal é controlado e tem de cumprir a norma portuguesa, seja o gasóleo ou a gasolina”. “Nenhum dos combustíveis que é vendido em Portugal é de má qualidade e vai estragar o carro”, remata o docente. Assim, é verdade que a grande maioria do combustível vendido em Portugal é refinado atualmente em Sines, mas isso não significa que não possa haver importação de combustível para o país caso a produção nacional não seja suficiente para responder à procura. Em qualquer dos casos, tanto o gasóleo como a gasolina – e os outros componentes produzidos – têm de cumprir as regulamentações impostas pelo Governo para poderem ser vendidos. É também verdade, como diz na publicação de Facebook, que “todos os postos, brancos ou não, são fiscalizados”. Há, porém, uma gralha na sigla da entidade que fiscaliza os postos de abastecimento: trata-se da DGEG (Direção-Geral de Energia e Geologia) e não DGE (Direção-Geral de Educação). O que é o combustível simples e qual a diferença para o aditivado? “A designação ‘simples’ indica que o combustível rodoviário em questão não é sujeito a um processo de aditivação suplementar além do mínimo necessário ao cumprimento das respetivas especificações”, explica a ERSE, sublinhando que os padrões de qualidade dos combustíveis automóveis cumprem os padrões de qualidade impostos pelas normas europeias definidas para o gasóleo e para a gasolina. Desde 2015, foi estabelecido por lei que todos os postos de abastecimento, independentemente de serem de marca de bandeira, serem low cost ou serem geridos por uma cadeia de hipermercados, têm de comercializar combustível simples. “O termo low cost não se refere ao processo de produção, transporte ou carregamento. A designação invoca apenas o posicionamento de uma determinada marca e dos preços que pratica relativamente aos seus concorrentes”, explica a ERSE. Assim, significa que este conceito não está relacionado com a qualidade do combustível vendido. A par com o combustível simples, algumas marcas apresentam versões aditivadas tanto de gasolina como de gasóleo. Estes produtos resultam da mistura do combustível simples com componentes aditivos que têm como objetivo melhorar a performance dos veículos. “O termo low cost não se refere ao processo de produção, transporte ou carregamento. A designação invoca apenas o posicionamento de uma determinada marca e dos preços que pratica relativamente aos seus concorrentes”. O impacto real dos aditivos no veículo tem levantado questões: A DECO Proteste realizou, em 2012, um teste comparativo aos tipos de gasóleo que, na altura, eram considerados líder de mercado nos seus segmentos: Galp Gforce, Galp Hi-Energy, combustível vendido pelo Jumbo e pelo Intermarché. Foram utilizados quatro veículos novos e idênticos que percorreram 12.000 quilómetros. A DECO Proteste concluiu que os quatro veículos “exibiram consumos muito idênticos” e que, no final do teste, os motores não apresentavam “diferenças relevantes nos depósitos”. “Em matéria de consumo, medimos uma diferença sem significado: 0,13 litros aos 100 quilómetros entre o pior e o melhor caso, ou seja, uma diferença de 2%. Por exemplo, a pressão incorreta nos pneus aumentava o consumo em 5%, o que equivalia a mais 0,33 litros/100 quilómetros”, esclarece a associação. O teste foi alvo e algumas críticas, porém a DECO Proteste defende as conclusões identificadas e reafirma a necessidade de se realizarem estudos a todos os combustíveis que estão à venda no país. “Hoje em dia não podemos afirmar preto no branco que assim é, mas também não temos nenhum motivo para duvidar que seja diferente”, diz Alexandre Marvão. “Porque as marcas, desde 2012, não apresentaram evidências que estejam a fazer as coisas de outra forma, que estejam a usar aditivos de outra forma ou cujos resultados da aditivação sejam diferentes do que eram em 2012.” Luís Serrano explica ao Polígrafo que têm sido realizados vários testes aos combustíveis aditivados a nível internacional e que se identificou uma melhoria na redução de depósitos no sistema mecânico. “Os combustíveis aditivados são realmente melhores que os simples, permitem aumentar a fiabilidade dos sistemas de lubrificação porque limpam o sistema.” No entanto, o professor sublinha que estes resultados só são visíveis ao fim de milhares de quilómetros percorridos e que o efeito dos aditivos é mais evidente em carros que já apresentem depósitos no motor, uma vez que tem uma ação de limpeza. Quando à diminuição do consumo – uma das principais vantagens anunciada pelas gasolineiras – Luís Serrano considera não haver uma diferença significativa. Os postos low cost colocam água no combustível para o fazer render? É uma afirmação que corre há vários anos na Internet: os postos de abastecimento low cost ou associados a hipermercados colocam água nos depósitos para fazer render o combustível. Na publicação referida no início deste artigo é desmistificada esta afirmação: “Não caiam na cantiga que também já ouvi, que eles misturam água! A estupidez é tanta que não sabem que a água é mais pesada e densa que o combustível, pelo que se armazena de imediato no fundo, não sendo alcançada pela sonda aspiradora. Frequentemente as empresas com contrato de manutenção aspiram lá do fundo a água, que é pouca, normalmente oriunda da condensação das paredes dos tanques”, pode ler-se. Tanto Alexandre Marvão como Luís Serrano recusam a possibilidade de qualquer posto de abastecimento colocar água propositadamente nos depósitos. “É estragar tudo, os veículos hoje em dia não suportam quase água nenhuma”, afirma o professor, reforçando que não vê “qualquer vantagem” nessa prática. “Se o combustível tiver mais de 200 ppm [partes por milhão] de água já fica fora da norma”, alerta. “Tipicamente o gasóleo separa-se da água. Na gasolina nem se põe tanto o problema porque têm densidades mesmo muito diferentes. Os próprios depósitos estão preparados para usar esse processo de separação: como a água é mais pesada fica no fundo e o diesel fica ao de cima. A existir alguma água nos depósitos, a bomba nunca vai buscar o combustível ao fundo, vai buscar mais alto precisamente para evitar levar alguma água que possa haver por condensação”, explica ainda. “Os próprios depósitos estão preparados para usar esse processo de separação: como a água é mais pesada fica no fundo e o diesel fica ao de cima”. Alexandre Marvão admite que possam ocorrer situações de infiltração de água nos depósitos – “e ocorreram até em marcas de bandeira de combustíveis, são casos conhecidos” – devido à idade avançada dos depósitos ou ao elevado grau de sujidade, mas afirma que são situações acidentais. “Não posso crer que alguém tenha feito tal operação para rentabilizar a venda porque pôr água nos combustíveis é dar cabo dos carros. Os carros são passíveis de andar meia dúzia de metros e falharem”, acrescenta. Se os postos de abastecimento colocassem água nos depósitos, todos os veículos que abastecessem naquela bomba iriam ficar estragados em pouco tempo. A presença de partículas de água nos motores causa ferrugem e corrosão nos tanques. Uma vez que existe sempre alguma água nos combustíveis, é importante que esta quantidade esteja abaixo do ponto de saturação, de forma a permanecer diluída e não chegar ao motor. Os pontos de saturação podem variar entre os 50ppm e os 1800ppm. Os carros modernos são cada vez menos tolerantes à presença de água nos combustíveis. O que justifica a diferença de preços? Uma das razões que poderá justificar os preços mais baixos praticados nos postos de abastecimento low cost ou associados a cadeias de hipermercado é o serviço oferecido ao cliente. Alexandre Marvão lembra que nos postos de marcas existe “um nível de serviço distinto, instalações distintas, a localização – que também terá outros custos”. Por exemplo: um posto de marca pode ter um funcionário a abastecer os carros ou oferecer serviços de cafetaria e lavagem de automóveis, enquanto uma bomba low cost funciona em serviço de self-service. O responsável da DECO Proteste reforça que a diferença de preços “não se justifica pelo produto em si, mas por todo o serviço que envolvente”. Por outro lado, a ERSE identifica um modelo de comercialização diferente entre as marcas de bandeira e os postos low cost: “Os hipermercados e as companhias com ofertas low cost diferenciam-se através dos preços marcados nos postos, aplicados de forma indiferenciada a todos os clientes, enquanto as companhias petrolíferas de bandeira apostam na fidelização dos clientes, através de propostas comerciais bastante competitivas como os cartões de frota, as parcerias com outras entidades, descontos e promoções específicas, etc.” ___________________________________ Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social. Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é: Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos. Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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