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  • A segunda temporada da série de sucesso Squid Game, da Netflix, estreou no final de 2024. Muito se tem especulado sobre a origem da história, que retrata uma competição em que pessoas endividadas são obrigadas a competir entre si em vários jogos de crianças que podem acabar em morte, com o objetivo de vencer um grande prémio monetário. Nas redes sociais, circula a teoria de que é inspirada em eventos reais. Em diversas publicações nas redes sociais, principalmente no Facebook, os utilizadores dizem que Squid Game tem por base um acontecimento de 1986: “Aconteceu em um bunker em terra de ninguém na Coreia do Sul, onde pessoas foram mantidas como reféns e tiveram que completar vários jogos para sobreviver.” Os posts são acompanhados de várias imagens. Algumas mostram o alegado bunker, em tons verde e cor de rosa, as cores da série. Noutra vê-se um grupo de homens, de fato de treino, outra marca da série, e máscara na rosto, alinhados num dormitório. A teoria, porém, não é verdadeira. Hwang Dong-hyuk, o criador sul-coreano de Squid Game, revelou em 2021 que para a série, inicialmente pensada como uma longa-metragem, em 2008, se inspirou numa banda desenhada japonesa. “Tive uma grande inspiração na banda desenhada e na animação japonesa ao longo dos anos”, começou por dizer em entrevista à revista Variety, questionado sobre as semelhanças com filmes como Hunger Games, “Battle Royale” e “As the Gods Will”. “Quando comecei, estava com dificuldades financeiras e passava muito tempo em cafés a ler banda desenhada, incluindo ‘Battle Royale’ e ‘Liar Game’. Mas achei os jogos demasiado complexos e, para o meu próprio trabalho, concentrei-me na utilização de jogos infantis”, explicou na mesma entrevista. No mesmo ano, o criador da série também disse à AFP que para criar a personagem principal, Seong Gi-hun, se inspirou nos violentos ataques, em 2009, numa fábrica de carros da Ssangyong na Coreia do Sul. Na altura, a empresa anunciou um corte de 40% no número de funcionários. Isso levou a uma greve de 77 dias e a confrontos entre trabalhadores armados e a polícia sul-coreana, como se pode ver em imagens do jornal Guardian. “Queria mostrar que qualquer pessoa normal de classe média no mundo em que vivemos pode hoje cair para o fundo da escada económica da noite para o dia”, afirmou Hwang Dong-hyuk. Além das declarações do criador da série, a origem das imagens partilhadas nas redes sociais é prova de que a teoria é falsa. As fotografias do suposto bunker verde e rosa tem origem na conta de Instagram Cityhermitai. Foram publicadas no dia 19 de outubro de 2024 pelo escritor turco Efe Levent. Em declarações à AFP, o autor da conta, que publica com regularidade imagens criadas com Inteligência Artifical, revelou que foram criadas através da aplicação Midjourney. Já a imagem dos homens de fato treino parece ter origem num documentário sobre o centro de detenção Brothers Home, uma instituição na cidade sul-coreana de Busan que tem sido descrita como um “campo de concentração” devido aos relatos de abusos de direitos humanos entre os anos 1960 e 1990. Aos 18:55 do vídeo, disponível no Youtube, é visível a mesma imagem que tem sido partilhada a propósito de Squid Game e que vai ao encontro do relato de vários prisioneiros sobre a prisão. “A única coisa que me foi fornecida pelo centro foi um conjunto de fatos de treino azuis, sapatos de borracha e uma peça de roupa interior de nylon”, disse em 2020 à BBC um dos detidos, que descreveu o local como um “inferno.” Conclusão Não é verdade que Squid Game seja baseada num história verdadeira que aconteceu num bunker secreto na Coreia do Sul, na década de 80. O próprio criador da série revelou que foi inspirado por bandas desenhadas japonesas e pelos confrontos na fábrica Ssangyong. Mais, as imagens que circularam do alegado bunker foram criadas por inteligência artificial, enquanto a fotografia que mostra um grupo de homens detidos parece ser retirada de um documentário sobre o centro de detenção Brothers Home, conhecido pelo histórico de abusos de direitos humanos. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é: FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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