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| - “Mentiras e mais mentiras”. É assim que num post de Facebook se descreve uma campanha da Fundação Portuguesa de Cardiologia sobre o impacto das alterações climáticas e da poluição na saúde cardiovascular.
A iniciativa desta fundação pretende expor que “as alterações climáticas e a poluição sonora, do ar e de luz aumentam o risco de doenças cardiovasculares”. No entanto, na secção de comentários de vários posts da página de Facebook da Fundação Portuguesa de Cardiologia, há pessoas a negar o impacto destes fatores na saúde do coração.
Num destes comentários alega-se, inclusive, que a campanha surgiu para “encobrir” os “conhecidos e graves efeitos secundários das vacinas sobre o coração” e acusa-se esta fundação de alinhar com “aldrabices e patranhas pseudocientíficas”.
Afinal, as alterações climáticas e a poluição podem ou não ter impacto na saúde cardiovascular?
Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) admita ser um desafio “estimar com precisão a escala e o impacto dos riscos para a saúde”, esta agência das Nações Unidas especializada em saúde garante ser “inequívoco que a mudança climática afeta a saúde humana”.
Em diversos relatórios da OMS destinados a monitorizar as respostas de vários países “às ameaças à saúde provocadas pelas alterações climáticas”, garante-se ainda que a poluição do ar “pode ter consequências diretas e, por vezes, graves para a saúde”. Mas porquê? Porque “as partículas finas” entram nas “vias respiratórias” e aumentam “a morbilidade e a mortalidade” ao contribuírem para o desenvolvimento de problemas como “infeções ou doenças respiratórias, cancro do pulmão, doenças cardiovasculares, e deficiências cognitivas”.
Nesse plano, um artigo publicado na revista científica “Nature Reviews Cardiology” dá conta de que “os efeitos combinados do calor, da poluição atmosférica, da idade e do estatuto socioeconómico e sanitário são responsáveis por evitáveis eventos agudos de doenças cardiovasculares”.
A mesma fonte lembra que vários estudos demonstram que a exposição “ao calor e a partículas” teve um impacto “grave” na mortalidade “por doenças cardiovasculares”, por exemplo, “na Rússia em 2010”. No mesmo sentido, um estudo feito na cidade iraniana de Mashhad concluiu que, “com o aumento da temperatura e do número de dias quentes, a mortalidade por doenças cardiovasculares cresce”.
Por fim, também a Direção-Geral da Saúde tem uma secção do seu site dedicada a alertar a população para os riscos das ondas de calor para a saúde em que se aponta como pessoas mais vulneráveis ao calor as pessoas portadoras de doenças crónicas, como as doenças cardiovasculares. E se é verdade que as ondas de calor sempre existiram, estas são cada vez mais intensas, frequentes e duradouras, uma mudança que os cientistas tendem a atribuir às alterações climáticas.
Em suma, a evidência científica mostra que as alterações climáticas e a poluição podem afetar a saúde cardiovascular.
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Este artigo foi desenvolvido no âmbito do European Media and Information Fund, uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e do European University Institute.
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