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| - A partir de novembro de 2013, Miguel Gonçalo Pereira, filho do actual eurodeputado socialista e vice-presidente do Parlamento Europeu, Pedro Silva Pereira, iniciou um estágio na capital francesa.
Segundo o Ministério Público, que investigou a sua estadia em Paris no âmbito da Operação Marquês, José Sócrates terá inicialmente proposto a Miguel que ficasse na famosa casa situada na Avenida Président Wilson, perto da Torre Eiffel, onde o ex-primeiro-ministro chegou a habitar.
Porém, as obras de remodelação do apartamento avaliado em mais de 3 milhões de euros atrasaram-se, o que terá obrigado Carlos Santos Silva, por ordens de Sócrates, a pagar os custos de aluguer de vários quartos num aparthotel. Custo total entre 2013 e 2014: cerca 14,8 mil euros.
Por causa disto – mas também pelo facto de a mulher de Silva Pereira, Ana Maria Bessa, ter assinado um alegado contrato fictício com uma empresa de Carlos Santos Silva, por serviços que, segundo o MP, nunca prestou mas que lhe permitiram receber cerca de 98 mil euros entre 2013 e 2014 – o casal Silva Pereira foi considerado suspeito da prática do crime de branqueamento de capitais por ter tido alegada participação na “ocultação de origem dos fundos obtidos de forma ilícita pelo arguido José Sócrates e a sua reintrodução na economia legítima”.
As suspeitas acabaram arquivadas porque a “prova reunida não permite sustentar que ao celebrarem os contratos acima mencionados, com ocultação de identidade do arguido José Sócrates, aqueles intervenientes tivessem representado a hipótese de este último pretender criar opacidade entre a sua pessoa e a origem dos fundos para obstar à detecção de sua atividade ilícita”, afirmou o Ministério Público.
Ou seja, a família de Silva Pereira usufruiu da fortuna de José Sócrates, mas não sabia da sua proveniência – e, aos olhos do Ministério Público, esse detalhe iliba-a dos alegados crimes em causa.
Em resumo: pode concluir-se, sempre de acordo com o Ministério Público – que, sublinhe-se, ilibou Silva Pereira – que o filho de Silva Pereira contou um imprescindível apoio de José Sócrates (através de Carlos Santos Silva, seu alegado testa de ferro) nos tempos de Paris, mas afirmar que o ex-primeiro-ministro lhe pagava todas as despesas seria pouco rigoroso, uma vez que os gastos de Miguel Gonçalo Pereira não se resumiam à habitação – e o MP não refere outros apoios além do alojamento.
Avaliação do Polígrafo:
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