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| - A citação foi supostamente recolhida a partir da edição de 7 de setembro de 2015 do jornal “Correio da Manhã”. Consultando tal edição, porém, não encontramos qualquer artigo de opinião ou entrevista de Catarina Martins, atual deputada e líder do Bloco de Esquerda.
Pesquisando a frase em causa associada a Martins num âmbito mais geral, através de motores de busca, também não encontramos qualquer registo público nos últimos anos. Ou seja, a líder bloquista não disse nem escreveu a frase que lhe é atribuída na publicação sob análise.
Na referida edição do jornal “Correio da Manhã” acabamos por identificar a verdadeira origem da frase: um artigo de opinião da autoria de André Ventura, colunista regular desse jornal até maio de 2020 e atual deputado e líder do partido Chega.
Sob o título “Os refugiados e o Mar da Morte”, nesse seu texto Ventura defende que “países como Portugal e a Irlanda não devem esquecer o seu passado e devem acolher o maior número de migrantes“.
“O Mediterrâneo transforma-se, estes dias, num verdadeiro mar de morte: migrantes resgatados todos os dias em condições desumanas, barcos naufragados e corpos estendidos sobre as ondas ou, como o pequeno Aylan, sobre a areia das praias nas imediações da Europa. (…) Parece-me evidente que não podemos simplesmente fechar os olhos e virar a cara ao drama humano que representam estes fluxos migratórios desesperados. Tão-pouco podemos impor exclusivamente esse ónus aos países voltados para o Mediterrâneo ou aos Estados mais ricos, como a Alemanha”, escreveu Ventura, numa altura em que ainda era militante do PSD.
Não deixando de alertar, contudo, para o que classificou como “o problema do terrorismo“, prevendo que “as redes terroristas (…) não hesitarão em infiltrar os seus guerrilheiros nesse imenso mar humano”.
Nesse sentido, concluiu da seguinte forma: “Agora somos vulneráveis ao imenso drama humano que se desenrola às nossas portas. E, na verdade, é impossível ser indiferente. Mas podemos bem vir a correr, num futuro próximo, atrás do prejuízo, com o coração e as principais artérias da Europa repletos de guerrilheiros da Jihad. E de comboios e autocarros destroçados, relembrando o Mediterrâneo como um imenso mar de morte”.
No mesmo artigo, Ventura fez também uma referência crítica ao “racismo na Europa“, sublinhando que “com a chegada de milhares de refugiados, alguns países europeus têm enfrentado lamentáveis manifestações de xenofobia que têm, em alguns casos, resultado em violentos confrontos”.
Em suma, a citação atribuída a Catarina Martins afinal tem origem num artigo de opinião de André Ventura. Pelo que a publicação sob análise está a reproduzir desinformação.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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