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| - No Twitter, está a ser destacado que a mortalidade materna “aumentou três a quatro vezes” desde que António Costa subiu ao poder. “Ele ter maioria absoluta só demonstra como as pessoas se contentam com mediocridade”, alega-se no tweet, onde são exibidos dados relativos ao indicador mencionado.
O post surge em resposta a um tweet de 25 de abril em que se cita: “O que faz falta a Portugal é um Salazar”. Seguido dos seguintes dados: “Mortalidade infantil elevada, níveis de analfabetismo elevados, níveis de pobreza elevados, guerras, emigração e censura”.
Ora, comecemos pela associação que é feita entre as duas publicações. Em primeiro lugar, há que notar que os dois indicadores de mortalidade referidos são distintos. Relativamente ao período do Estado Novo fala-se em mortalidade infantil. Já em relação ao período de governação de António Costa, refere-se a mortalidade materna.
No que respeita à taxa de mortalidade infantil é inegável a evolução em sentido decrescente que se registou entre 1974 e os dias de hoje. De acordo com os dados no site da Pordata, a variação dá-se entre as 38 mortes de crianças com menos de um ano de idade por cada mil nascimentos, que se registavam há 49 anos, e as atuais 2,6 mortes, segundo dados de 2022.
Relativamente à taxa de mortalidade materna, é verdade que registou um aumento significativo nos últimos anos. Se olharmos para os anos de governação de António Costa, de facto a taxa aumentou de 7, em 2015, para 20,1, em 2020. Ou seja, cerca de três vezes mais, como se alega na publicação. Entre 2019 e 2020, registou-se mesmo uma aumento de 100%, de 10,4 para 20,1. Em julho de 2022, a então diretora-geral da Saúde, Graça Feitas revelou que a maioria dos casos de mortalidade materna em 2020 foram de mulheres com comorbilidades (76,3%).
Por outro lado, indicava, “até 2016, tínhamos um cálculo subnotificado certamente da mortalidade materna e, a partir de 2016, essa subnotificação ter-se-á tornado muito mais difícil, por via destes automatismos que foram criados”.
Se compararmos os valores da mortalidade materna entre o período do Estado Novo e os dias de hoje, concluímos, no entanto, que a redução também é substancial. Em 1970, por exemplo, registavam-se cerca de 70 mortes de mulheres grávidas ou após o parto por cada 100.000 nascimentos.
Em suma, é verdadeira a alegação relativa ao aumento da mortalidade materna em Portugal desde 2015, o ano em que se iniciou o período de governação de António Costa. No entanto, é necessário ter em conta as possíveis justificações para o aumento significativo avançadas pela DGS. Por outro lado, destaca-se que este indicador, à semelhança da mortalidade infantil, registou uma evolução decrescente acentuada desde o Estado Novo e da criação do SNS.
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Avaliação do Polígrafo:
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