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| - Bill Gates, sendo um dos homens mais ricos do mundo e co-fundador da Microsoft, é alvo de vários conteúdos online que inspiram muitas pessoas. Tantas que, por vezes, a sua imagem e as suas lições de vida acabam por ser disseminadas de forma errada. Foi o que aconteceu com vários vídeos postos a circular, quer em português, quer em inglês, e em anos diferentes, sobre 11 regras “que não se aprendem na escola”, ensinadas por um dos maiores filantropos do século XXI.
E de que fala exatamente o vídeo que parece saído de um livro de auto-ajuda? Conselhos como “a vida não é justa. habitue-se” ou “não vais ter um salário de seis dígitos mal acabes a escola”, fazem parte das tais 11 regras que Bill Gates terá dado numa escola secundária, como conta o site Boatos.org. Apesar de inspiradoras, estas palavras nunca foram proferidas pelo homem que, só no ano passado, doou 4,6 mil milhões de dólares das suas ações da Microsoft para caridade.
Esse site cita ainda mais dois jornais de fact-checking, como o Snopes ou o Hoax-Slayer. Neles encontramos tanto a origem das tais 11 lições, como exemplos de como este discurso foi atribuído falsamente a mais pessoas. O primeiro site vai ainda mais longe, revelando que este discurso já tinha sido citado como parte do livro “Business The Speed of Though” (1999) de Bill Gates, e que esta lista teria sido proferida pelo filantropo em 2002, na Escola Secundária Mt.Whitney na Callifórnia. O que, como indica o site, não é verdade.
Por outro lado ficamos a saber que esta lista já tinha sido atribuída a outro autor: ao escritor norte-americano Kurt Vonnegut, que também foi “vítima” de ter proferido um discurso no MIT onde aconselhava os alunos a usar protetor solar em 1997. Algo que, como o Snopes comprovou, nunca aconteceu.
Então quem foi afinal o autor? Foi de Charles J. Sykes, autor do livro “Dumbing Down Our Kids. Why American Feel Good About Themselves But Can’t Read, Write or Add” (1996). Essa lista foi partilhada em diversos sites mas não nesse livro. Só surgiu mais tarde, em 2007, noutro dos seus livros, o “50 Rules Kids Won’t Learn in School: Real-World Antidotes to Feel-Good Education”.
Fique com a lista dos 11 conselhos:
- A vida não é fácil. Acostume-se a isso.
- O mundo não está preocupado com a sua auto-estima. O mundo espera que você faça alguma coisa de útil por ele antes de aceitá-lo.
- Você não vai ganhar 20 mil dólares por mês assim que sair da faculdade. Você não será vice-presidente de uma grande empresa, com um carrão e um telefone à sua disposição, antes de ter conseguido comprar o seu próprio carro e de ter o seu próprio telefone.
- Se você acha que o seu pai ou o seu professor são rudes, espere até ter um chefe. Ele não terá pena de você.
- Vender jornais antigos ou trabalhar durante as férias não está abaixo da sua posição social. Os seus avós tinham uma palavra diferente para isso: oportunidade.
- Se você fracassar, não ache que a culpa é dos seus pais. Não lamente os seus erros, aprenda com eles.
- Antes de você nascer os seus pais não eram tão críticos como agora. Eles só ficaram assim por terem de pagar as suas contas, lavar as suas roupas e ouvi-lo dizer que eles são “ridículos”. Então, antes de tentar salvar o planeta para a próxima geração, querendo consertar os erros da geração dos seus pais, tente arrumar o seu próprio quarto.
- A sua escola pode ter criado trabalhos de grupo para melhorar as suas notas e eliminar a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de um ano e tem quantas chances precisar até acertar. Isto não se parece absolutamente nada com a vida real. Se pisar na bola está despedido . RUA! Faça certo da primeira vez.
- A vida não é dividida em semestres. Você não terá sempre férias de verão e é pouco provável que outros empregados o ajudem a cumprir as suas tarefas no fim de cada período.
- Televisão não é vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o bar ou a boite e ir trabalhar.
- Seja simpático com aqueles estudantes que os demais julgam que são uns palermas. Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar para um deles.
Avaliação do Polígrafo:
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