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  • Segundo um novo estudo, grande parte da população seria imune ao novo coronavírus. Pelo menos é o que garante um artigo que se tornou viral no Facebook, muito devido à partilha do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Contudo, não é verdade que Karl Friston, neurocientista na University College de Londres, Inglaterra, tenha afirmado que 80% das pessoas não está em risco de contrair o vírus, como sugerem algumas publicações. Os dados foram retirados do contexto de uma entrevista que Friston deu no início de junho ao site “UnHerd” . O que ele disse foi que entre 40% e 80% da população britânica (e não mundial) poderia não estar vulnerável à infeção mas isso não é o mesmo do que ser imune à doença. Karl Friston e a respetiva equipa desenvolveram uma previsão epidemiológica da Covid-19 e chegaram à conclusão de que, provavelmente, apenas 20% da população britânica estaria realmente exposta. “A população suscetível efetiva nunca foi 100%, foi no máximo 50% e provavelmente até apenas 20% da população”, explicou, apesar de frisar também que a análise não está finalizada. Para os tais 80% que são citados nas redes sociais há uma explicação. “Suspeito que os 80% se refiram a uma estimativa em bruto de pessoas que ou não estão expostas ao vírus ou, caso estejam expostas, não estão suscetíveis à infeção. E, se estão suscetíveis à infeção, têm sintomas ligeiros e não participam na transmissão”, clarificou o neurocientista num email enviado à plataforma de fact checking “Aos Fatos”. Para a não exposição pode contribuir o fator do isolamento. Quem está mais resguardado e em contacto com uma rede menor de pessoas tem menos probabilidades de ser infetado com Covid-19. Em relação ao confinamento, Karl Friston também não defendeu que era mais prejudicial do que a doença por estar a causar outros danos na sociedade, como o desemprego ou as quebras na economia, por exemplo. “Nunca disse que era inútil. Na verdade, a maioria das minhas contribuições nesta área mostram que o confinamento e o distanciamento social são importantes — e interagem com a imunidade da população e outros fatores de mitigação que determinam a propagação do vírus”, garantiu o britânico. Conclusão Karl Friston não disse que 80% da população é imune ao novo coronavírus. Essa percentagem refere-se à quantidade que pessoas no Reino Unido (e não no mundo) que provavelmente não estiveram nem vão estar em contacto com o vírus, porque vivem mais isoladas ou contactam com menos gente, por exemplo. Logo, estão menos suscetíveis de serem contaminadas. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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