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  • A publicação encontrada pelo Polígrafo inclui duas imagens da Torre de Belém: uma em 1912 e outra em 2020. Por cima lê-se “Será a subida no nível das águas do mar ou um problema de evaporação?”, uma vez que na imagem superior (1912) há, visivelmente, mais água que na imagem inferior (2020). A Torre de Belém, classificada como Património Mundial da UNESCO, está associada histórica e artisticamente ao Mosteiro dos Jerónimos e aos Descobrimentos Portugueses. Foi construída, entre 1514 e 1519, a alguma distância da margem norte do rio Tejo. No entanto, com o passar dos anos e com o deslocamento progressivo do curso do rio, a Torre acabou por ficar apenas “amarrada” à margem. É um facto que o nível global do mar tem vindo a subir ao longo do último século. De acordo com Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (Noaa), o nível médio global do mar subiu cerca de 21 a 24 centímetros desde 1880, sendo que cerca de um terço desse aumento ocorreu apenas nos últimos 25 anos. Em 2020, o nível médio global do mar foi 91,3 milímetros acima da média de 1993, o que a torna a média anual mais alta do registo de satélites (1993-presente). As duas principais causas da subida global do nível do mar são o aumento do volume de água do mar, devido à expansão térmica do oceano à medida que este aquece; e o aumento da massa de água no oceano, causado pelo derretimento do gelo dos glaciares de montanha e dos lençóis de gelo. Os oceanos estão a absorver mais de 90 por cento do aumento do calor atmosférico associado às emissões da atividade humana. Contactado pelo Polígrafo, Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista Zero e professor na área de ambiente na Universidade Nova de Lisboa, explica que o facto da Torre de Belém, num período de maré vazia, ter menos água à sua volta tem a ver com fenómenos de sedimentação e não com o nível de água do mar. Aliás, o especialista aponta que “o aumento do nível do mar é avaliado através de instrumentos chamados marégrafos”. Com recurso a documentos sobre a Rede Maregráfica (RM) — que podem ser consultados por qualquer cidadão, através do portal “ePortugal” — Francisco Ferreira realça a existência de um marégrafo em Cascais, a funcionar desde 1882, e um marégrafo em Lagos, em funcionamento desde 1908. A Direção-Geral do Território (DGT), que é o organismo responsável pelos marégrafos, “adquiriu, em 2018, duas novas estações Maregráficas, constituídas por sensores de nível de tecnologia RADAR”. O presidente da associação ambientalista Zero destaca que não há qualquer relação entre a perceção pública “de que há menos água em torno da Torre de Belém” e o fenómeno do aumento do nível médio da água do mar. “Os dados científicos sobre o aumento do nível do mar são coligidos através deste tipo de equipamentos, ou então avaliados por modelos à escala europeia e à escala mundial, e aí nós estamos a subir”, conclui. O relatório “Climate Science Special Report” (CSSR) indica também que o nível do mar e as suas alterações não são uniformes a nível mundial. Existem várias razões que o justificam, como diferenças na densidade — resultantes da distribuição de calor — e salinidade do oceano, impulsionadas pela circulação oceânica e por ventos; e o facto do manto terrestre mover-se consoante a perda do grande manto de gelo. “Tal como a superfície da Terra não é plana, a superfície do oceano também não é plana — por outras palavras, a superfície do mar não está a mudar ao mesmo ritmo em todos os pontos do globo”, aponta a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA. “A subida do nível do mar em locais específicos pode ser mais ou menos do que a média global devido a fatores locais” como o abatimento de terras, de processos naturais, retirada de águas subterrâneas e combustíveis fósseis, alterações nas correntes oceânicas regionais e se a terra ainda está a recuperar do peso compressivo dos glaciares da Idade do Gelo. “Em comparação com muitas variáveis climáticas, o sinal de tendência para a mudança do nível do mar tende a ser grande em relação à variabilidade natural. Contudo, em escalas de tempo interanuais, as mudanças na dinâmica, densidade e vento dos oceanos podem causar uma variabilidade substancial do nível do mar em algumas regiões”, esclarece o “Climate Science Special Report”. Concluindo, é verdade que a Torre de Belém já esteve dentro de água e que, atualmente, já não está. No entanto, é importante perceber que isso não serve como justificação plausível para a ideia de que o aumento do nível médio da água do mar não existe. ___________________________________ Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social. Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é: Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos. Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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