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| - “Mais um aborto nacional”, começa por se anunciar no post de 11 de fevereiro no Facebook, indicado ao Polígrafo com pedidos de verificação de factos. Em causa está a construção de um “Data Center” na Covilhã, que implicou a destruição do Aeródromo da Guarda, sob a alegada promessa de criação de 600 novos empregos.
“Destruíram o Aeródromo da Guarda para no meio da pista construírem o ‘Data Center’ da Telecom. Prometidos cerca de 600 empregos e nem 60 empregos existem“, sublinha-se.
Confirma-se que foram prometidos cerca de 600 empregos em “Data Center” na Covilhã mas “nem 60 existem”?
De acordo com um estudo do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (BCSD Portugal), estimava-se que este “Data Center”, inaugurado em setembro de 2013, levasse à criação de 400 empregos diretos e 1.000 empregos indiretos.
“Além de contribuir para a formação de especialistas, a PT Portugal espera ter impacto direto na criação de emprego na região, sendo expectável que, com a conclusão do projeto, sejam criados 400 empregos diretos e 1.000 empregos indiretos. O data center da Covilhã contribui também para dinamizar a economia regional através da fixação de população em idade ativa, seja em serviços de alojamento, restauração ou transportes”, salientava-se no estudo.
O mesmo era apontado em notícias prévias à inauguração deste “Data Center”. Zeinal Bava, à data presidente executivo da PT Portugal, dizia em julho de 2013 que dos 400 postos de trabalho, 100 já estavam vinculados ao “Data Center” da Covilhã.
O Polígrafo contactou a Altice Portugal, que adquiriu a PT Portugal em junho de 2015. A empresa rejeita comentar “decisões assumidas por estruturas acionistas anteriores”, ou seja, o que foi anunciado aquando da criação do “Data Center”, em 2013. No entanto, indica quantos empregos foram criados após 2015, quando assumiu a PT Portugal: “Desde o início da operação da Altice em Portugal [em 2015], foram criados mais de 500 postos de trabalho na Covilhã e, ainda este ano, serão investidos mais de 9 milhões de euros, perfazendo mais de 20 milhões de euros investidos em infraestruturas no ‘Data Center’ da Covilhã. A Altice Portugal tem orgulho no contributo dado, proativa e diretamente, para o desenvolvimento económico e social do distrito de Castelo Branco, através do investimento em infraestruturas, na expansão de negócio e estratégia tecnológica e na criação de emprego qualificado”, acrescenta a empresa.
Em suma, é falso que tenham sido prometidos cerca de 600 empregos. O que se estimava era que fossem criados 1.400 postos de trabalho, do quais 400 empregos diretos. Quanto à indicação de que “nem 60 empregos existem”, a Altice Portugal – cuja nova gestão, sublinhe-se, não foi a autora da promessa, uma vez que só entrou em cena em 2015 – garante que, desde que está no comando da empresa, foram criados “mais de 500 postos de trabalho”.
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Avaliação do Polígrafo:
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