schema:text
| - No dia 9 de maio, a Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias recebia, por requerimento apresentado pelo GP do Chega, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, a propósito do aumento dos casos de violência no namoro em Portugal.
Segundo o pedido do Chega, assinado pelo deputado Pedro Pinto, “a Polícia de Segurança Pública, entre 2018 e 2022, recebeu 10.480 queixas por violência no namoro, sendo a maioria das vítimas mulheres, valores estes que representam um aumento de 10%, durante este período de 5 anos”, sendo por isso necessário que a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares elucidasse os signatários “sobre as formas que assume esta realidade, sobre como a prevenir ou debelar, bem como inverter a tendência ascendente deste fenómeno”.
O interesse não se mostrou duradouro, porém. Entre a entrega do pedido, a 15 de fevereiro, e a audição da ministra, a 9 de maio, o partido Chega encheu a agenda: no dia em que Ana Catarina Mendes se sentou para ser ouvida, não havia nenhum representante do partido na sala. Rita Matias chegou 10 minutos depois, já no fim da intervenção de abertura preparada pela ministra. Eram o primeiro GP a intervir.
“Desde já pedir desculpa pelo atraso, estamos hoje a acompanhar a sessão do Parlamento dos Jovens que também não passa indiferente à temática que aqui discutimos”, começou por referir a deputada. Esta intervenção de cerca de cinco minutos só foi interrompida para dar a vez ao GP do PS, que falava a seguir. Antes, porém, de se dar a palavra ao PSD, já Rita Matias a pedia para uma interpelação à mesa sobre a condução dos trabalhos. Tinham decorrido 20 minutos desde o início da audição:
“Era apenas para dar nota à senhora Presidente e aos demais membros da comissão que o GP do Chega terá que se ausentar para participar na Comissão de Ambiente, no entanto deixaremos aqui não só a nossa assessoria como iremos acompanhar através da ARTV. E pedimos desculpa.”
“São tantos”, ouve-se no fundo. Ana Catarina Mendes procede a falar com a Presidente da Mesa, referindo que se trata de uma desconsideração pelos outros GP. A Presidente intervém quando Rita Matias, já de pé, se prepara para sair da sala: “Eu peço à deputada para que, antes de se ausentar, ouça apenas a senhora ministra que pretende pronunciar-se.”
“Peço desculpa por intervir mas estou um bocadinho espantada e vou explicar porquê: eu julgo que todos nós temos as nossas agendas e eu própria encurtei a minha em Évora esta manhã para conseguir não falhar com o Parlamento. A senhora deputada é autora do requerimento e eu julgo honestamente que, com a ausência do requerente, é um bocadinho desconsideração por todos. Às perguntas que a senhora deputada fizer eu não lhe vou responder pela ARTV, peço imensa desculpa”, afirmou Ana Catarina Mendes.
Rita Matias não ficou por aí e lembrou a ministra de que o Chega tem “12 deputados” mas responde por “14 comissões”: “Não consigo estar em dois sítios ao mesmo tempo, mas disse que não só estaria aqui parte da nossa assessoria parlamentar como iríamos acompanhar através da transmissão as respostas. Não quis ferir a susceptibilidade da senhora ministra. Que fique registado o grau de conflitualidade da senhora ministra e das deputadas do GP do PS.”
A audição continuou e, a 10 minutos do fim, concluídas as intervenções dos GP, a deputada do Chega volta a entrar na sala, desta vez com outros deputados, estala os dedos em sinal de pedido de palavra e pede nova interpelação à Mesa sobre a condução dos trabalhos: “É para pedir à Mesa que informe a senhora ministra de que estou novamente presente na sala, estão também outros deputados do partido, e que, assim sendo, a ministra está novamente em condições de responder ao GP do Chega.”
__________________________
Avaliação do Polígrafo:
|