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| - Depois de ouvir João Cotrim de Figueiredo, o líder demissionário dos liberais, discorrer sobre as falhas do Governo nos últimos anos, apelidando mesmo o Executivo de Costa de “incompetente”, o primeiro-ministro acusou o deputado querer “derrubar um Governo legítimo” na sua despedida. Para isso, e depois de questionar “como se avalia um Governo”, fez uso de alguns dados e estatísticas:
“Foquemo-nos para já nos resultados e, desde logo, no crescimento económico: em 2022, Portugal foi o segundo país da União Europeia que mais cresceu. Tivemos o maior crescimento económico desde 1990. E, nas comparações internacionais de que gostam tanto, nos últimos sete anos, diminuímos a diferença para a França em 2,6 pontos percentuais, para a Alemanha em 3,8 pontos percentuais, a diferença para a Espanha em 7,1 pontos percentuais. Sim, nós estamos mais perto de países mais desenvolvidos.”
Resta saber se foram os corretos. Tal como o Polígrafo já escreveu, os dados quanto ao desenvolvimento económico dos países da União Europeia são confirmados pela Comissão Europeia, que divulgou a 11 de novembro as “Previsões económicas do outono de 2022“, apontando para “um ponto de viragem”. Assim, o crescimento deverá registar uma contração significativa já este ano, a inflação deverá continuar a subir antes de diminuir gradualmente, o mercado de trabalho deverá manter-se resiliente, fruto da maior solidez das últimas décadas, e o baixo crescimento, a inflação elevada e as medidas de apoio relacionadas com a energia deverão pesar sobre os défices.
De acordo com o documento completo, “após uma forte recuperação, a economia portuguesa deve desacelerar substancialmente no curto prazo”. É esperado que o crescimento acelere novamente a partir do próximo Verão e que as finanças públicas melhorem gradualmente ao longo do horizonte de previsão, com o défice do Governo a diminuir para 1,9% do PIB em 2022, 1,1% em 2023 e 0,8% em 2024.
Quanto ao PIB, os últimos indicadores de curto prazo sugerem uma fraca perspetiva de crescimento para o segundo semestre de 2022 e para o primeiro trimestre de 2023. No geral, prevê-se um crescimento anual do PIB de 6,6% em 2022, seguido por uma desaceleração substancial para os 0,7% este ano e 1,7% no próximo ano. “Juntamente com a trajetória projetada nos principais parceiros comerciais, o crescimento deve subir para 1,7% em 2024” em Portugal, acrescenta a Comissão Europeia.
Relativamente aos restantes países, o mesmo documento espera que a Irlanda cresça 7,9% em 2022 e que esse seja o único país da União Europeia a superar Portugal no crescimento económico. Ainda assim, voltamos a reforçar que nenhum destes dados é efetivo e que, até confirmados, não passam de previsões.
O mesmo indicador analisado pelo FMI, por exemplo, coloca Portugal lado a lado com Malta, com um crescimento de 6,2%, inferior ao da Irlanda que se espera que fique nos 9%.
No conjunto do ano 2021, segundo o INE, o PIB português já tinha registado um crescimento de 4,9% em volume, “o mais elevado desde 1990, após a diminuição histórica de 8,4% em 2020, na sequência dos efeitos marcadamente adversos da pandemia Covid-19 na atividade económica”. Novo ano, novo recorde: as previsões acima descritas mostram que Portugal voltou a ter um crescimento significativo na economia, o maior desde 1990, ano em que o PIB do país cresceu 7,86%.
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Avaliação do Polígrafo:
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