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| - Desde o incêndio trágico que consumiu, na passada segunda-feira, 15, parte da catedral de Notre-Dame, em Paris, muitos foram os boatos que circularam nas redes sociais sobre as origens do fogo. Entre eles há teorias xenófobas e islamofóbicas.
Uma publicação no Twitter que cita uma notícia sobre a acusação de uma francesa de 22 anos condenada a oito anos de prisão por ter organizado atentados terroristas perto da Catedral de Notre-Dame foi partilhada milhares de vezes. A acompanhar a partilha, a dúvida: terá sido “apenas uma coincidência” ou a jovem terá alguma coisa a ver com a tragédia que consumiu parte de um dos maiores ícones da arquitetura gótica?
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Apesar de a notícia, publicada no “Journal.ie”, datar de 12 de abril de 2019 – três dias antes do incêndio – o caso remonta ao período entre março de 2015 de junho de 2016 e o julgamento diz respeito às acusações de aliciamento de jovens para se tornarem jihadistas. Ines Madani vai voltar a julgamento em setembro deste ano – juntamente com mais duas mulheres – para responder pela acusação de tentativa de incendio de um carro com seis garrafas de gás no seu interior, em 2016, perto da Notre-Dame. Não existe, por isso, uma relação com o incêndio à catedral parisiense.
Uma das peculiaridades do tweet que originou a confusão, criando a ideia de que os dois casos estavam relacionados, é a omissão do ano a que respeita a notícia original (2016) no texto que acompanha a partilha, onde lê apenas que “França prende mulher ‘jihadista’ (22) acusada de tentar preparar ataque terrorista em Paris”.
A autora da publicação original apercebeu-se de que o post estava a induzir as pessoas em erro e decidiu fazer uma nova publicação de correção, alterando uma expressão: o termo “presa” foi substituído por “sentenciada”. Porém, a mudança não chegou nem perto do alcance que teve a primeira, avança a plataforma de fact-checking “Truth of Fiction”.
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Nas redes sociais houve também várias publicações que relacionavam o incêndio de Notre- Dame com outros fogos ocorridos em igrejas francesas, acusando a comunidade muçulmana de ser responsável pelas ocorrências.
As causas do incêndio que na segunda-feira destruiu parte da catedral parisiense permanecem desconhecidas, porém as autoridades francesas estão a tratar o caso como tendo sido um acidente. Em conferência de imprensa, o procurador de Paris, Rémi Heitz, afirmou que “nada vai no sentido de um ato voluntário, o caminho acidental é o preferido”.
O presidente francês Emmanuel Macron anunciou que a catedral será reconstruída e várias entidades privadas já responderam ao repto, doando em poucos dias cerca de 1000 milhões de euros
Avaliação do Polígrafo:
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