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| - “Senhora deputada Paula Santos, ouvi-a chamar à responsabilidade o partido Chega por diversas vezes ao longo das suas respostas, mas queria dizer apenas uma coisa: o Chega efetivamente será Governo de Portugal e, aí, a senhora e todos os outros partidos poderão chamar o Chega à responsabilidade. Até lá, não tente imputar ao nosso partido as responsabilidades que são vossas. Se houve partido que deu a mão ao Partido Socialista e que permitiu que António Costa estivesse no Governo foi o Partido Comunista”, começou por afirmar Rita Matias na sessão plenária de ontem, na Assembleia da República.
A deputada continuou, falando desta vez sobre o legado socialista: “Quatro milhões de portugueses têm rendimentos abaixo do limiar da pobreza. Mais de 750 mil jovens saíram de Portugal durante a governação socialista. É um legado seu, não é nosso. Há mais de dois milhões de portugueses sem médico de família. É um legado seu, não é do Chega.”
Depois de classificarmos como falsa a afirmação da deputada do Chega sobre os utentes sem médico de família, olhamos agora para a emigração de jovens durante o período de governação socialista. Questionado pelo Polígrafo sobre a fonte destes números, o Chega diz tratar-se de uma conta simples. Afinal, foi só somar a emigração permanente e a emigração temporária durante os anos de Governo PS. Pormenor? Os “jovens” têm que ter até 45 anos para o número de Rita Matias bater certo.
Entre 2015 e 2021, último ano com dados disponíveis, saíram de Portugal para emigração permanente um total de 221.187 pessoas. Destas, 203.285 tinham entre 0 e 45 anos, a faixa etária tida em conta pela deputada do Chega. Se a este valor juntarmos parte do período de governação de José Sócrates, entre 2008 e 2011 (anos com dados disponíveis) – salientando, contudo, que a declaração de Rita Matias deixaria de fazer sentido, uma vez que está a atribuir responsabilidades ao atual Governo -, ficamos com uma emigração permanente de 298.890 pessoas até aos 45 anos de idade.
Quanto à emigração temporária, 240.273 pessoas até aos 45 anos saíram do país entre 2015 e 2021. Se a estas somarmos as 38.346 que emigraram temporariamente em 2011, único ano de governação de Sócrates com dados disponíveis, ficamos com um número total de 278.619 emigrantes.
Contas feitas, dos 0 aos 45 anos, emigraram permanente e temporariamente 577.509 pessoas. Este número é, além de pouco correto (uma vez que mistura períodos), relativo a uma grande percentagem da população que não representa a fatia de jovens. Esse indicador o Polígrafo já calculou em novembro de 2022: a esses dados, acrescentamos agora os mais recentes.
A Pordata, tendo por base o Instituto Nacional de Estatística (INE) – “Estimativas Anuais de Emigração” – apresenta os dados da emigração portuguesa por grupos etários, estando os jovens (universalmente considerados como tal até aos 30 anos de idade, exclusive) distribuídos por quatro categorias: menos de 15 anos; dos 15 aos 19; dos 20 aos 24 e dos 25 aos 29 anos.
Excluindo o primeiro grupo (por ser composto integralmente por dependentes), o Polígrafo concluiu que emigraram permanentemente entre 2015 e 2021 um total de 99.804 jovens. De forma temporária, saíram de Portugal durante o mesmo período 132.564 jovens. Tudo somado, foram 232.368 os jovens que deixaram Portugal desde que António Costa começou a governar.
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Avaliação do Polígrafo:
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