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  • O post de 28 de abril no Facebook apresenta um gráfico com dados referentes aos combustíveis fósseis exportados pela Rússia, repartidos por país de destino. A alegação parte daí: segundo o autor, a Rússia faturou “62 mil milhões de euros nos últimos dois meses [abril e março]”, o que corresponde a “um aumento de 158% em termos homólogos comparativamente ao mesmo período de 2021 (24 mil milhões de euros)”. O gráfico em causa foi replicado a partir de um artigo do jornal britânico “The Guardian“, de 27 de abril. Os dados indicam que desde o início da guerra na Ucrânia, a Rússia já conseguiu praticamente duplicar as receitas da venda de combustíveis fósseis para a União Europeia: “A Rússia recebeu cerca de 62 mil milhões de euros das exportações de petróleo, gás e carvão nos dois meses após a invasão à Ucrânia.” Os números originais, consultados pelo Polígrafo, foram disponibilizados pelo Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA), que analisou os movimentos de transporte e cargas e chegou à conclusão de que a Europa continua a financiar, através de importações de combustíveis fósseis, a guerra de Vladimir Putin. De outra forma, a Rússia ficaria a perder: “A curto prazo, a Rússia não tem um substituto para a Europa como fonte de exportações (…) Reconhecendo esses fatores, a Agência Internacional de Energia previu uma queda de quase 15% na produção de petróleo no final de abril e de 25% em maio. No entanto, a realidade é que o aumento dos preços dos combustíveis fósseis mais do que compensa a redução nos volumes.” De acordo com o CREA, em mais de dois meses a Rússia exportou 63 mil milhões de euros em combustíveis fósseis. Isto deste o início da invasão, ou seja, dia 24 de fevereiro. Note-se que só a União Europeia foi responsável pela importação de 71% deste montante, ou seja, 44 mil milhões de euros. No ano de 2021 este valor ascendeu a cerca de 140 mil milhões de euros, o que, divido pelos 12 meses do ano, dá cerca de 12 mil milhões de euros por mês, um montante que sobe agora para os 22 mil milhões de euros mensais. Alemanha, Itália, China, Países Baixos, Turquia e França estão entre os principais importadores, com quantidades de combustíveis fósseis que superam os 9,1 mil milhões de euros, 6,9 mil milhões de euros, 6,7 mil milhões de euros, 5,6 mil milhões de euros, 4,1 mil milhões de euros e 3,8 mil milhões de euros, respetivamente. Ainda assim, e mesmo na ausência de proibições de importação, a verdade é que “as entregas de petróleo da Rússia para portos estrangeiros caíram 20% nas primeiras três semanas de abril, em comparação com o período anterior à invasão (janeiro-fevereiro). As exportações de carvão, por sua vez, aumentaram 20% e as de gás natural liquefeito (GNL) cerca de 50%“. No post alega-se ainda que a Rússia faturou, com a exportação de combustíveis fósseis, mais “158% em termos homólogos comparativamente ao mesmo período de 2021 (24 mil milhões de euros)”. Esta afirmação está longe de ser verdadeira. Desde logo porque os 24 mil milhões de euros destacados correspondem às exportações para a União Europeia em 2021 e não ao total de países que importa combustíveis fósseis da Rússia. Assim, a verdade é que a Rússia aumentou em 83,4% o lucro com as exportações para a União Europeia nos dois meses pós-guerra (março e abril), quando comparado com o mesmo período em 2021. Como vimos, as receitas foram de 44 mil milhões agora e de cerca de 24 mil milhões (por dois meses) em 2021: um saldo de 20 mil milhões de euros que fez com que a Rússia quase duplicasse a receita obtida com as importações da União Europeia.
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