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  • Uma publicação do passado dia 3 de julho de 2021 demonstra os alegados benefícios de beber água em jejum, ao acordar. Começa por aconselhar a ingestão de sete a oito copos de água por dia, tendo em conta um “tratamento antigo da Ayuverda [medicina alternativa praticada na Índia] e japoneses”, o que ajudaria, de acordo com a publicação, a combater a asma, algumas dores e até cancro. O consumo de água em jejum pode ainda, alega-se no mesmo post, “aumentar a produção de novas células de músculos e de sangue, limpa o corpo de toxinas, equilibra o sistema linfático, limpa o cólon e ajuda a curar doenças”, entre outros supostos benefícios. Trata-se, no entanto, de uma publicação falsa sem qualquer rigor científico. A publicação em questão direciona para um site com o mesmo texto, mas não apresenta qualquer base científica para aquilo que argumenta. É por isso que a nutricionista Mariana Abecassis se refere a esta publicação como contendo afirmações “sensacionalistas”. Também Rui Artur Nogueira, médico de Medicina Geral e Familiar da USF Norton de Matos, em Coimbra, e antigo presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, concorda com esta análise. E vai mais longe. “Não acredito em nada do que refere, tem uma linguagem nada credível. Charlatanice pura”, argumenta, em declarações ao Observador. Quanto aos vários supostos benefícios que a gestão de água em jejum traz — curar doenças, equilibrar o sistema linfático ou limpar o cólon —, Rui Artur Nogueira refere que “a quantidade de água que deve ser ingerida por dia depende de várias circunstâncias”. E são elas: a idade da pessoa, a temperatura ambiente, a atividade física, o tipo de alimentos ingeridos, a condição física, a existência de doenças, a medicação habitual, entre outras. “Um padrão de grandeza da ingestão da água é a de 1 a 2 litros de água ao longo do dia, o que não tem nada a ver com o que é dito pela publicação”, refere o clínico. Mariana Abecassis segue a mesma linha de raciocínio e acrescenta: “O nosso corpo deve conter cerca de 60% de água, logo aí fica demonstrada a sua importância. Mas a água, por si só, não cura doenças”. Por outro lado, “a falta de água pode gerar desequilíbrios, a médio prazo, o que pode causar doenças”, acrescenta a nutricionista. Faltará perceber se, no caso dos doentes oncológicos, beber água em jejum é, de facto, uma mais valia. A publicação refere que o consumo de água, logo após acordar, “é um tratamento antigo” que “tem benefícios que combatem a asma, algumas dores e até mesmo o câncer [cancro]”. É, por isso, importante perceber se, tal como defende a publicação original, existe um benefício maior para este tipo de doentes. Segundo Luís Costa, médico oncologista do Hospital Santa Maria, a resposta é não. “Existem benefícios em beber água, mas não especificamente para o cancro”, referiu ao Observador. Conclusão Não há qualquer rigor científico na publicação que garante que beber apenas água em jejum pode ajudar a curar doenças. A publicação em questão não apresenta qualquer estudo ou fonte credível que comprove aquilo que defende. Nutricionista Mariana Abecassis garante que se trata de uma publicação sensacionalista. Já Rui Artur Nogueira, médico de família, garante que se trata de uma “charlatanice pura”. Ainda assim, é recomendado a todos que bebam uma determinada quantidade de água todos os dias, mais não seja porque cerca de 60% do nosso corpo é composto por água, ou seja, esse consumo é benéfico para a hidratação — ainda que não contribua para a cura de, por exemplo, doenças oncológicas. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook
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