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| - “Christine [ex-CEO da TAP] estava ansiosa com a ida ao Parlamento. Tinha várias bancadas de vários partidos a pedir a sua demissão. Só se falava de casos e indemnizações”, justifica João Galamba, ouvido esta tarde na CPI à TAP. O ministro das Infraestruturas responde a Pedro Filipe Soares, deputado bloquista, a propósito da reunião de Christine Widener com o GPPS.
“Entendo que teria falhado o meu dever enquanto ministro das Infraestruturas se não tivesse atendido ao pedido urgente de reunião com a CEO. As reuniões preparatórias não são impróprias“, argumenta o ministro, que acusa inclusive o Bloco de Esquerda de já ter participado de várias reuniões preparatórias. Na sequência, Pedro Filipe Soares pede que seja anotado em ata o repúdio face a estas afirmações, negando a participação dos bloquistas.
O Polígrafo republica a análise feita em abril, depois do deputado socialista Carlos Pereira ter feito afirmações semelhantes às de João Galamba.
“Não tenho conhecimento de isso acontecer“, responde Joaquim Miranda Sarmento, líder da bancada parlamentar do PSD. “Entre partido e Governo sim, alguns colegas dizem que reuniam com ministros e secretários de Estado, da mesma forma que o PS reúne. Agora, reunir com pessoas que não são do Governo antes de uma audição…”
No mesmo sentido aponta Carlos Guimarães Pinto, deputado do Iniciativa Liberal: “Nós não o fazemos, mas imagino que isso seja uma coisa de partidos de Governo porque grande parte das audições são a membros de Governo.”
Por sua vez, João Oliveira, ex-deputado do PCP, assegura que “nunca tal me aconteceu, nem tenho memória de isso ter acontecido com alguém do meu grupo parlamentar”.
Também Pedro Filipe Soares, líder da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda, diz que “connosco não é normal, nem no período de geringonça isso acontecia. Não me lembro de nenhuma situação em que aconteceu. Uma coisa era reunir amiúde com os ministros, em particular sobre o Orçamento do Estado mas também noutras situações, mas nunca numa lógica de preparar audições“.
O deputado Fernando Negrão, do PSD, garante que “não, não é comum. Essa é uma afirmação estranhíssima. A Comissão Parlamentar de Inquérito tem poderes judiciais. Os advogados também nunca podem falar com as testemunhas, portanto para mim era impensável algum grupo parlamentar falar com as pessoas que vão ser ouvidas. Nunca soube de nenhum caso“.
Na perspetiva de Hugo Soares, ex-deputado e atual secretário-geral do PSD, “é normalíssimo um partido que suporta o Governo articular audições com o Governo, mas esta é a primeira vez que eu vejo membros do Governo instrumentalizarem uma audição de membros de empresas públicas que não pertencem ao Governo mas sim ao Estado. Reunir com os deputados que vão ser ouvidos é uma coisa, mas prepararem uma audição com administradores é de uma instrumentalização completa e de uma promiscuidade entre aquilo que é o Estado e aquilo que é o Governo”.
Por sua vez, Inês Sousa Real, líder do PAN, responde ao Polígrafo que “a Comissão de Inquérito têm características diferentes das demais. No decurso do trabalho legislativo é normal reunir institucionalmente e os partidos até registam no site da Assembleia da República as reuniões que efetuam seja com a sociedade civil, ONG ou até especialistas em diferentes áreas. Nesta lógica de reunir com alguém que vai ser ouvido numa Comissão Parlamentar de Inquérito não nos parece uma boa prática, nem tão pouco desejável”.
Quanto a Pedro Delgado Alves, deputado do PS, considera que “é normal. E acontece em variadissimas situações. Estranho era não acontecer”. Instado a pronunciar-se sobre casos concretos, o socialista escusou-se e focou apenas no facto de “não haver um dia útil durante o período de funcionamento da Assembleia da República sem que membros do Governo e dos Grupos Parlamentares reúnam para discutir processo legislativo”.
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