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| - As questões laborais dominaram o primeiro debate televisivo transmitido pela SIC na noite de ontem, segunda-feira. De cada um dos lados da mesa estavam o líder do PCP, Jerónimo de Sousa, e António Costa, secretário-geral do PS e Primeiro-Ministro.
Jerónimo não hesitou em descolar do PS numa matéria central para os comunistas, ao sublinhar que o combate à precariedade “não foi suficiente”, ao que Costa respondeu com um elencar de medidas que, em seu entender, deviam ser mais valorizadas pelos seus parceiros na aliança que sustentou o Governo durante esta legislatura. De todas, a mais emblemática será a que se refere ao aumento anual do salário mínimo registado desde que, em 2015, o PS assumiu funções.
Afirmou Costa: “Tínhamos tido vários anos de congelamento do Salário Mínimo Nacional (SMN)”, mas entretanto o cenário transformou-se, uma vez que “houve um aumento de 20% no SMN que recuperou as perdas dos anos de congelamento e agora estamos e condições de nos sentarmos à mesa na concertação social”.
Será verdade que o SMN subiu 20% durante os quatro anos de governação socialista? Verificação de factos.
É inquestionável que o SMN tem vindo a subir desde que este Executivo iniciou funções. Os números falam por si:
2016: subiu de 505 euros para 530 euros;
2017: subiu de 530 euros para 557 euros;
2018: subiu de 557 euros para 580 euros;
2019: última subida, esta de 580 euros para 600 euros.
Contas feitas, o SMN cresceu um total de 95 euros sob a batuta do Governo socialista, invertendo assim a tendência de congelamento imposta pelo governo PSD/CDS durante os anos da troika.
Mas corresponderão estes 95 euros a um crescimento de 20%? A resposta é não. Na verdade, correspondem a 19%. Se o aumento tivesse sido efetivamente de 20%, o SMN cifrar-se-ia neste momento em 606 euros – o que não é o caso.
Na realidade, o valor exato é de 19%. Costa terá optado por, nas diversas entrevistas que tem dado durante o período pré-eleitoral, arredondar o valor para a casa decimal superior. O exercício seria totalmente legítimo se o tema não fosse o SMN, em que cada ponto percentual de aumento é negociado ao cêntimo com os parceiros e na concertação social.
No mesmo debate, Costa recusou-se a confirmar se manterá Mário Centeno no Governo. Apesar de ter afirmado que “quem tem de formar uma equipa não deixa no banco os melhores jogadores que podem jogar”, também não se comprometeu com um convite – prefere ver primeiro os resultados eleitorais.
Quanto a Jerónimo de Sousa, quando interrogado por Clara de Sousa, a jornalista da SIC que conduziu o debate, sobre se “é parte da solução ou do problema” do PCP num cenário em que o partido tem sido fortemente penalizado no plano eleitoral, garantiu que “a questão do secretário-geral não está posta”, aconselhando calma “aos apressados”.
Avaliação do Polígrafo:
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