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  • Um excerto de um vídeo retirado de uma declaração de Patrick Vallance, conselheiro do governo britânico, sugere que a pandemia da Covid-19 é uma fraude, depois de o responsável ter dito que há certidões de óbito declaradas como doentes contagiados pelo novo coronavírus quando nunca foram feitos testes. No final do vídeo lia-se “scamdemic”, uma junção entre a palavra “scam”, usada para falar sobre uma fraude, e o fim da palavra “pandemia”. As declarações em causa são de uma conferência de imprensa de 16 de abril de 2020 e voltaram a circular nas redes sociais no mês de abril deste ano. No vídeo, ouve-se Vallance a dizer que é “importante” haver uma diferenciação da taxa de mortalidade e da taxa de mortalidade em hospitais, já que o facto de as certidões de óbito dizerem Covid-19 “não significa necessariamente que os doentes estavam infetados porque muitos deles não foram testados”. Em causa estão momentos em que havia falta de testes e de capacidade para testar toda a gente que morria, o que levava os médicos, tendo em conta o histórico e sintomas do paciente, a atribuir a morte ao novo coronavírus. Apesar disso, a declaração em causa não sugere que houve negligência na contagem, até porque o governo do Reino Unido e o serviço de saúde fazem diferenciação em várias mortes. No último balanço, por exemplo, havia apenas 3,3% de mortes declaradas como “suspeitas”, segundo a Reuters. Carlos Antunes, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, compara a pandemia da Covid-19 com outras e explica que é comum haver uma “incerteza” entre o número de pessoas que morreram e a causa, tendo em conta a “incapacidade que existe de diagnosticar qual foi a causa ou se o vírus esteve por detrás da causa ou não”. O especialista argumenta que são definidas “normas e protocolos” para os delegados de saúde decidirem se atribuem a morte ou não ao vírus. E deixa claro: “Isto dá tanto para os que defendem que não há tantas mortes como se faz crer, como para aqueles que dizem que poderão ter morrido muito mais pessoas devido à Covid-19, nomeadamente aquelas que já foram dadas como recuperadas e que depois morrem e não são contabilizadas.” O matemático admite que se trata de uma “questão polémica” e também difícil de avaliar. Além disso, lança a ideia de que as pessoas podem morrer “de Covid-19 ou com Covid”. O primeiro caso representa pessoas saudáveis, sem problemas de saúde, que foram infetadas e acabaram por morrer e no segundo caso estão incluídas pessoas que têm outras comorbilidades que levaram à morte. Sobre o momento das declarações do conselheiro britânico, Carlos Antunes recorda que, “na altura, não havia capacidade de testes, os PCR estavam em desenvolvimento, os próprios kits, na China chegaram a usar o TAC como forma de diagnóstico rápida… Portanto, há o laboratório clínico e o laboratorial e o que se estabeleceu como norma foi utilizar o PCR”. O matemático acrescenta que, mais tarde, muitos países passaram até a usar os testes PCR para comprovar a morte de alguns indivíduos, mas nem sempre foi possível usar esta norma. O especialista realça ainda que os sistemas de saúde têm as suas normas e formas de quantificar e, por isso, concluiu que a frase em causa “foi descontextualizada e utilizada para passar uma mensagem de falsos positivos”. “Não vou pôr em causa a norma que foi definida porque senão tenho de pôr em causa todas as normas que definem todas as causas de morte até agora”, nota. Conclusão Não é possível dizer que a existência de vários métodos para concluir uma morte por Covid-19 prova que a pandemia é uma fraude. De facto, o conselheiro Patrick Vallace disse que havia mortes que tinham sido declaradas sem um teste positivo, mas isso não torna a pandemia uma fraude, havendo milhões de mortes registadas em todo o mundo devido ao novo coronavírus. O especialista Carlos Antunes explica ao Observador que são definidas regras pelos sistemas de saúde e que as mesmas não podem ser postas em causa e nota que, se a acusação fosse verdade, dava para “os dois lados”, tendo em conta que tanto poderia haver mortes a mais, como a menos. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ENGANADOR No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é: PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta. Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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