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| - Com a escalada do número de mortos em Gaza, depois dos ataques aéreos de Israel sobre o território palestiniano, tem sido partilhado nas redes sociais um gráfico relativo aos dados cumulativos de mortes desde o reacender deste conflito no Médio Oriente, em 2008, revelando a suposta discrepância no número de fatalidades nas duas regiões.
O gráfico, atribuído ao Statista, portal de estatísticas alemão, reúne os dados recolhidos pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) e mostra, segundo a descrição do mesmo, as mortes e os feridos israelitas e palestinianos documentados pela Organização das Nações Unidas (ONU) na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.
No portal de estatísticas online, onde foram divulgados os dados em questão, a 12 de maio deste ano, pode ler-se que “desde o aumento da violência na noite de segunda-feira [10 de maio], 35 pessoas foram mortas em Gaza, ao passo que houve cinco mortes registadas em Israel”.
“Infelizmente, tal violência e retórica não são novidade num conflito que matou milhares de pessoas apenas nos últimos 10 anos“, lamenta ainda o artigo. Será assim?
De facto, dados recolhidos pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários mostram que, desde 2008 e até 2020, 5.600 palestinianos morreram na sequência do conflito, enquanto que cerca de 115 mil tiveram ferimentos. Em Israel, o cenário é bem menos grave: foram apenas 250 os israelitas que morreram durante o mesmo período, sendo que somente 5.600 ficaram feridos.
Na página do OCHA, onde são divulgados e atualizados os dados oficiais, é ainda reportado que “o grande número de vítimas civis exigiu vários tipos de intervenções por parte de agentes humanitários, com muitos incidentes que levantaram preocupações sobre a violação do direito internacional e a falta de responsabilização“.
No que respeita ao panorama geral, é possível verificar que 2014 foi o ano em que a violência atingiu valores mais altos nos dois territórios, quando Israel conduziu a Operação Protective Edge em Gaza. A campanha durou cerca de sete semanas e resultou em mais de duas mil mortes, 88 das quais registadas em Israel. Em Gaza, segundo os mesmos dados e apenas nesse ano, morreram mais de 500 crianças.
Quatro anos depois, em 2018, a fronteira entre Israel e Gaza assistiu a vários protestos que resultaram num total de 25 mil palestinianos feridos, face a 117 registados em Israel.
Em 2021, os dados recolhidos pela ONU dizem respeito apenas ao território palestiniano, sendo que a Faixa de Gaza soma já um total de 119 mortes e 874 feridos. Ainda assim, de acordo com o Ministério da Saúde local morreram já 232 palestinianos desde 10 de maio, entre os quais 64 menores, e 1.620 feridos. Em Israel, por sua vez, morreram 12 pessoas e registaram-se 340 feridos.
Em suma, é verdade que entre 2008 e 2020, último ano com dados disponíveis para as duas regiões, a Palestina registou um total de mais de cinco mil mortes, enquanto Israel somou cerca de 250. Feitas as contas, o território palestiniano acumulou cerca de 22 vezes mais mortes do que Israel ao longo dos últimos anos, tendência que se mantém também este ano, com o número de mortes e feridos a desequilibrar, uma vez mais, a balança do conflito no Médio Oriente.
Já no final desta quinta-feira, 20 de maio, orgãos de comunicação social locais noticiaram a aprovação do cessar-fogo, por parte do gabinete de segurança do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que encerra, temporariamente, a operação militar em Gaza.
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Avaliação do Polígrafo:
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