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  • Um vídeo de 48 segundos partilhado no Facebook mostra o presidente executivo (CEO, na sigla em inglês) da Pfizer, Albert Bourla, a afirmar que “duas doses da vacina oferecem proteção muito limitada, se tanto”, inferindo que a vacina da empresa contra a Covid-19 é ineficaz. O excerto do vídeo em questão foi retirado do contexto em que as palavras de Bourla foram proferidas. O excerto é retirado de uma entrevista que Albert Bourla deu a 10 de janeiro deste ano ao Yahoo Finance, que pode ser vista na íntegra através desta hiperligação ou no vídeo em baixo, publicado pela conta oficial deste órgão de comunicação social. [Abaixo, pode ver a entrevista completa de Albert Bourla] Na publicação no Facebook aqui em análise, o autor refere que a Pfizer “sabe” que “duas doses da vacina oferecem pouca proteção ou nenhuma”. Porém, assistindo à entrevista na íntegra, é possível constatar que o líder da farmacêutica está a dizer que a mesma não é tão eficaz contra a variante Ómicron — não se referindo, portanto à eficácia contra o novo coronavírus. Ora, a variante Ómicron foi descoberta no final de 2021 no Botswana e na África do Sul e tinha o nome de código B.1.1.529. Atualmente, em Portugal, esta é a variante dominantemente encontrada em novos casos de pessoas infetadas com Covid-19, como revelaram na sexta-feira o Instituto Nacional Doutor Ricardo Jorge (INSA) e a Direção-Geral da Saúde (DGS). Ómicron tem mais de 30 mutações e pode estar bem mais disseminada. O que se sabe sobre a nova variante? A vacina da Pfizer, comercializada sob o nome Comirnaty, foi disponibilizada oficialmente em dezembro de 2020 no Reino Unido, quase um ano antes da descoberta da variante Ómicron. Apesar de nunca ter sido 100% eficaz a conter a propagação do novo coronavírus — esse nunca foi, aliás, o patamar de eficácia anunciado pela farmacêutica. Vários estudos científicos, como este do The New England Journal of Medicine, têm demonstrado que a mesma — que requeria inicialmente duas doses, e não três, como tem sido agora recomendado pelas autoridades de saúde — tinha 93,7% de eficácia contra a os efeitos da Covid-19 e 88% contra a variante Delta (a predominante antes da Ómicron). Ou seja, a frase é tirada de contexto, conduzindo à ideia de que Bourla está a dizer que a vacina nunca foi eficaz — quando, na verdade, teve um impacto na redução do número de pessoas que desenvolve sintomas, daqueles que necessitam de cuidados médicos e dos doentes que acabam por morrer. Como referimos, o executivo da Pfizer está a referir-se à eficácia da vacina contra a Ómicron. Mesmo assim, como é possível constatar na entrevista na íntegra, Bourla refere que. mesmo contra a Ómicron, a vacina promove melhores níveis de proteção. Na mesma entrevista, o presidente executivo da farmacêutica afirma ainda que “as três doses, com o reforço, oferecem proteção razoável contra hospitalização e óbitos”. “Contra mortes, acho muito bom, e menos proteção contra infeção”, adianta. No final do vídeo, Bourla afirma também que a empresa está a fabricar uma “nova versão” da vacina, que se espera que seja lançada em março, que seja mais eficaz contra esta variante. O presidente executivo da Pfizer tem afirmado isto várias vezes, como até fez no mesmo dia numa entrevista à CNBC. Em resposta ao Observador, fonte oficial da Pfizer afirmou que o vídeo da publicação contém afirmações “tiradas de contexto”. Além disso, a farmacêutica explicou que, a 8 de dezembro, divulgou os resultados de um estudo que mostrou que uma terceira dose da vacina oferecia mais proteção contra a Ómicron, remetendo mais para o comunicado de imprensa que foi divulgado na altura. Neste comunicado, explica a farmacêutica, Bourla já referia: “Embora duas doses da vacina ainda possam oferecer proteção contra doenças graves causadas pela variante Ómicron, fica claro a partir destes dados preliminares que a proteção é melhorada com uma terceira dose da nossa vacina”. E adianta: “Garantir que o maior número possível de pessoas seja totalmente vacinado com as duas primeiras séries de doses e um reforço continua a ser o melhor curso de ação para evitar a propagação do Covid-19.” A farmacêutica referiu também que, “até o momento, o vírus não escapou da proteção da vacina e mais de 842 milhões de pessoas receberam-na em todo o mundo”, dizendo também que “no futuro, a Pfizer e a BioNTech estão a avaliar a imunogenicidade e a eficácia de uma dose adicional tanto da formulação atual quanto de uma formulação específica para Ómicron no cenário clínico”. Por fim, a empresa assumiu que continua “a avaliar dados do mundo real, incluindo o uso de uma quarta dose”. Este excerto do vídeo de Bourla tem sido partilhado noutras redes sociais, como o Instagram, sempre com uma formulação que deturpa as declarações do CEO da Pfizer. A mesma foi já alvo de vários fact-checks — como da Reuters, do PolitiFact ou do Snopes — que consideraram igualmente que o mesmo foi tirado fora de contexto com o objetivo de enganar. Conclusão Albert Bourla disse efetivamente a frase que o autor da publicação cita. Contudo, nunca o disse relativamente à vacina que foi criada em 2020. O executivo da Pfizer referia-se apenas quanto à proteção da vacina contra a variante Ómicron, tendo até referido na entrevista que a vacina é eficaz contra esta variante. No passado, o líder da empresa já tinha dito o mesmo. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ENGANADOR No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é: PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta. Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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