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| - “Não me surpreende que depois de um ano tão díficil e tão exigente tenhamos uma avaliação deste tipo. É preciso ter consciência o que é os portugueses estão a enfrentar (…). Como é que quer neste contexto [inflação e crise na habitação] as pessoas estejam satisfeitas com este Governo? Não podem estar satisfeitas com o Governo. Como, aliás, se for ver as sondagens no pico da pandemia, onde tivemos de tomar decisões horríveis – obrigar as pessoas a ficar em casa, fechar os restaurantes, fechar os bares – houve momentos de grande impopularidade.”
Assim justificou António Costa, na entrevista à SIC (dia 30 de março), o resultado da sondagem divulgada nesse mesmo dia, em que PS e PSD aparecem com o mesmo nível de intenção de voto e 64% dos inquiridos consideram o desempenho do Governo “mau” ou “muito mau”.
Estado de Emergência
18 de março a 2 de maio de 2020
9 de novembro de 2021 a 30 de abril de 2021
Total de sondagens
Alcance eleitoral e análise de desempenho dos líderes políticos e órgãos de soberania – 32 (5 no primeiro Estado de Emergência + 27 durante o segundo Estado de Emergência) *
* abordavam também as medidas do Governo face à pandemia
Alcance relativo à Covid-19, entre outros aspetos sobre a avaliação do desempenho do Governo no respeitante à pandemia – 11 (todas no primeiro Estado de Emergência)
Em todas estas sondagens o PS aparece como o partido com maior intenção de voto.
A distância entre PS e PSD é, na esmagadora maioria dos casos, superior a 10 pontos percentuais quando são projetados os votos dos indecisos (e, em muitos casos, mesmo sem esta projeção).
A avaliação do desempenho do primeiro-ministro e do Governo têm sempre balanço positivo, ou seja, congrega mais avaliações de “bem” ou “muito bem” do que de “mal” ou “muito mal”. A performance do Executivo é, em todas as sondagens, superior à da oposição na generalidade.
A avaliação individual de António Costa é também sempre superior à de Rui Rio (então líder do PSD) embora com intervalos muito variáveis.
Aliás, a comparação entre as sondagens anteriores à eclosão da pandemia em Portugal (março de 2020) e as realizadas até maio de 2021, mostram que nem o PS retrocedeu na intenção de voto, nem o primeiro-ministro e o Governo perderam popularidade.
Exemplo: intenção de voto do PS e PSD em sondagens da Intercampus
Exemplo: desempenho do Governo em sondagens da Pitagórica
As medidas de contenção e outras decisões do Governo (bem como da Assembleia da República e Presidente da República) relacionadas com a Covid-19 – designadamente os dois estados de emergência decretados e as medidas que lhes foram subsequentes – mereceram sempre ampla avaliação favorável dos inquiridos, ou seja, foram muito mais aqueles que concordaram com o rumo seguido do que os que consideraram errados os procedimentos determinados pelos órgãos de soberania, com Governo à cabeça. Tal verificou-se tanto no âmbito de sondagens de cariz político (que tinham como principal objetivo medir a preferência eleitoral) como nas de matriz social/pandémica (medir a avaliação ao Governo pelas medidas que este tomou face à Covid-19).
Em suma, é falso que o Governo tenha tido níveis de impopularidade e avaliações negativas nas sondagens durante o pico da pandemia, contrariamente ao que disse o primeiro-ministro. Pelo contrário: a avaliação de desempenho e a intenção de voto de Governo/António Costa e PS melhoraram os seus níveis, distanciando-se ainda mais da oposição, em especial do PSD liderado por Rui Rio.
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Avaliação do Polígrafo:
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