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| - A menina de 9 anos que estava desaparecida desde quarta-feira na zona de Peniche foi ontem encontrada morta pelas autoridades. Ao longo do dia surgiram nas redes sociais vários conteúdos duvidosos sobre o caso. Este é um dos mais polémicos e denunciados como sendo fake news, ao destacar que o pai terá supostamente confessado que assassinou Valentina e com a seguinte justificação, em forma de citação: “Não me fazia falta“.
Lendo o artigo, porém, não encontramos uma única indicação de fonte de informação que sustente o que está destacado no título.
Passamos a transcrever o texto em causa:
“Na passada quarta-feira, foi decretado o alerta de buscas para o alegado desaparecimento de Valentina, a menina de 9 anos, inclusive o próprio pai que foi o autor fingiu um desaparecimento da própria filha chorando em frente às câmeras a implorar para encontrarem a filha. Na manhã deste domingo, foi anunciada a morte da criança, uma vez que foi encontrada a 5 km da casa do pai, em Peniche. Sabe-se agora que Valentina foi asfixiada pelo próprio pai, enquanto tomava banho. A vítima foi enterrada num eucaliptal pelo homicida, em colaboração com a sua companheira, madrasta da criança. Ambos foram detidos pelas autoridades. O autor do crime já confessou os contornos macabros do homicídio”.
Há várias alegações que não têm sustentação factual, pelo menos de acordo com a informação divulgada pelas autoridades até ao momento, ou noticiada por órgãos de comunicação social fidedignos.
A Polícia Judiciária (PJ) de Leiria esteve este domingo com os dois suspeitos do homicídio da criança de 9 anos, Valentina, assassinada na Atouguia da Baleia, em Peniche, a reconstituir o crime, na casa onde terá ocorrido. Os dois suspeitos da autoria dos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver, o pai e a madrasta da menina, estiveram a colaborar na reconstituição do crime na casa do suspeito, informou a Agência Lusa.
Outras diligências continuam a ser efetuadas pelos inspetores, para reunirem provas de que o crime foi concretizado pelo pai e pela madrasta da criança durante o dia de quarta-feira, 6 de maio.
Em conferência de imprensa, o coordenador do Departamento de Investigação Criminal da PJ de Leiria, Fernando Jordão, referiu que o corpo da criança terá sido levado para uma zona de mato na Serra D’El Rei, em Peniche, onde foi tapado com arbustos. “Estamos a verificar [o cenário da morte], mas claro que terá de ter acontecido em algum contexto de violência“, disse o responsável, salientando que, “à partida” não terá sido uma morte acidental.
O coordenador da PJ de Leiria adiantou que a morte terá ocorrido “por questões internas do funcionamento da família”, escusando-se a revelar mais informações. O responsável esclareceu que esta situação não terá correlação com o desaparecimento da criança numa outra ocasião.
O jornal “Correio da Manhã” é o que vai mais longe ao descrever que “a menina foi asfixiada na banheira na noite de quarta-feira e o pai e a madrasta estiveram toda a noite a combinar a morte da criança. Na mesma casa estariam ainda outras três crianças, de 11 ou 12 anos, 4 anos e a mais nova com apenas alguns meses. O ‘Correio da Manhã’ sabe que o pai disse à PJ que a menina tinha sofrido um ataque, que tinha sido um espasmo e que entraram em pânico. O corpo de Valentina foi encontrado escondido, camuflado, mas não estava enterrado. Foi um dos familiares que confessou onde estava o corpo”.
Ora, mesmo nessa versão mais desenvolvida da história, ainda não confirmada por fontes oficiais, não há qualquer indicação de que o pai tenha confessado que “matou a própria filha”, muito menos que tenha justificado o crime dizendo que “não me fazia falta“.
A publicação sob análise inventa confissões, revelações e citações em torno do caso da morte de Valentina, reproduzindo assim desinformação.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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