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| - Um estudo publicado em novembro de 2021, do investigador Frederico Munõz, analisa precisamente o sentido de voto dos partidos na Assembleia da República nas duas últimas legislaturas (a XIII e a XIV). Intitula-se como “Proximidades e distâncias: análise da atividade parlamentar, 2015-2021” e faz o levantamento das 10.139 votações relativas a todas as iniciativas parlamentares – que abrangem propostas dos grupos parlamentares/deputados, do Governo e de grupos de cidadãos -, entre 23 de outubro de 2015 (início da XIII legislatura) e 27 de outubro de 2021 (dia em que a proposta de Orçamento do Estado foi chumbada).
Depois dessa data e até à dissolução formal da Assembleia da República, houve ainda mais 18 votações, mas são insuficientes para alterar a tendência geral, quer pela sua inexpressividade, quer porque parte delas teve aprovação por unanimidade.
Que conclusões se podem retirar a partir dos dados apresentados pelo estudo?
Nestas duas legislaturas, o PSD foi o partido que em maior número de iniciativas parlamentares optou pelo mesmo sentido voto que o PS: mais precisamente, em 57,8% das ocasiões. Seguem-se os parceiros da geringonça: BE (56,8%), PCP (56,1%) e PEV (52,4%). O PAN e o CDS-PP estão no mesmo patamar de voto idêntico ao PS (51,6%).
Separadas as legislaturas, verifica-se que houve uma diminuição clara do voto comum entre o PS e os seus parceiros à esquerda:
– o BE baixou de 65,4% para 42,2%;
– o PCP baixou de 65,1% para 40,6%;
– o PEV baixou de 60,5% para 38,7%.
A quebra de voto no mesmo sentido destes três grupos parlamentares oscila entre os 35% e os 38%. Também o PAN esteve ao lado do PS em muito menos ocasiões (de 57% para 42,5%).
O PSD foi o único partido que não diminuiu a afinidade com o PS na hora de votar na Assembleia da República, na comparação da XIV com a XII legislatura, tendo mesmo aumentado de 57% para 59,3% de voto igual.
De outubro de 2019 até à não aprovação do Orçamento do Estado para 2022, sem surpresa, o Chega (30,1%) foi a força política que menos votou no mesmo sentido do PS. O mesmo já não se pode dizer dos partidos/deputados que se lhe seguem no topo da divergência com os socialistas: Livre/Deputada Não Inscrita Joacine Katar Moreira (37,4%) e PEV (38,7%), que estiveram mais distantes do partido liderado por António Costa do que o Iniciativa Liberal (41,8%).
Nesta mesma legislatura, aliás, o partido liderado por João Cotrim de Figueiredo votou mais vezes ao lado do PS do que o fez o PEV (38,7%) ou o PCP (40,6%). Assim como o CDS-PP (45,5%) em comparação com o BE (42,2%) e o PAN (42,5%).
Quanto aos partidos que mais vezes coincidiram no voto em iniciativas parlamentares com o PS, da XIII para a XIV legislatura a mudança é clara: o trio de apoio na geringonça (PCP, BE e PEV) deixou os três primeiros lugares e deu lugar ao PSD (59,3%), seguido do CDS-PP (45,5%). A oscilação dos social-democratas foi, na verdade, escassa. A dos três partidos de esquerda é que se evidenciou como mais significativa (a par do PAN).
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Avaliação do Polígrafo:
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