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  • “Os Amish tornaram-se um caso de estudo nos Estados Unidos”, garante-se em várias publicações, que circulam nas redes sociais. E porquê? “Não viram notícias, não se fecharam em casa, os seus filhos continuaram a viver normalmente, não usaram máscaras e sobretudo não se vacinaram” durante a pandemia de Covid-19. O resultado? “Atingiram rapidamente a imunidade de grupo e houve muito menor número de mortes“. O texto desta publicação é seguido de um link que nos remete para um artigo que apresenta números que rapidamente levam a uma discussão nas redes sociais. Refere-se que a comunidade Amish atingiu “a imunidade de grupo antes de as vacinas estarem disponíveis” e regressou à normalidade em “maio de 2020”. Em 2020, defende o artigo, “90% da comunidade já tinha sido infetada” com o vírus da Covid-19. Sem apresentar qualquer fundamentação para os números, é escrito — apenas uma vez, e sem fazer as contas — que a imunidade de grupo dos Amish resultou numa diminuição brutal do número de mortes por Covid-19: 30 vezes menos do que a média. Uma outra publicação que procura justificar o sucesso da comunidade Amish no combate à pandemia, apresenta números diferentes. Parte do mesmo argumento, de que esta comunidade ignorou as orientações das autoridades de saúde, e conclui que o número de mortes teria sido “90 vezes inferior ao resto da América“, baseado num alegado estudo com a comunidade Amish em Lancaster, na Pensilvânia — supostamente levado a cabo pela Fundação para a Investigação em Segurança de Vacinas, de Steve Kirsch. É importante sublinhar que Steve Kirsch foi um forte crítico das vacinas mRNA, alegando que “matam mais pessoas do que salvam”. Tendo isto em atenção vamos começar a analisar as publicações, por partes. Os Amish são uma comunidade cristã, que vive espalhada por 620 localidades, a esmagadora maioria nos Estados Unidos e nenhuma — pelo menos com expressão — na Europa. Entre adultos e crianças são mais de 370 mil pessoas. As maiores comunidades, em 2022, estavam registadas nos estados da Pensilvânia, Ohio e Indiana. A comunidade, extremamente conservadora, é conhecida por utilizar roupas pouco comuns, inspiradas em “camponeses europeus do século XVII“, o que, de acordo com o dicionário Britannica, reflete uma “relutância perante a mudança e respeito pela tradição”. O uso de telemóveis pessoais e automóveis é evitado, assim como a eletricidade, uma vez que pode “levar a tentações e comunidades mundanas, prejudiciais à vida comunitária e familiar”. E como se comportaram as comunidades Amish durante a pandemia de Covid-19? Não é verdade que não tenham sido afetadas. Em novembro de 2020, um relatório do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos identificou um surto na comunidade Amish no condado de Wayne, em Ohio, em que 77% das pessoas que foram testadas tinham Covid-19. Como razão para o surto, as autoridades norte-americanas apontavam que as “reuniões sociais, importantes nas comunidades Amish, provavelmente contribuíram para a rápida transmissão do SARS-Cov-2″. Além disso, a hesitação em aceitar vacinas, no seio destas comunidades, é bem documentada. A agência de notícias Reuters detalha que o sarampo foi erradicado nos Estados Unidos desde 2000, mas nas comunidades Amish continuam a verificar-se surtos. Uma reportagem da Associated Press em 2021 relata a dificuldade em convencer os Amish a tomarem as vacinas contra a Covid-19: “No condado de Holmes, em Ohio, lar da maior concentração de Amish do país, apenas 14% da população está totalmente vacinada“. Falta apenas concluir se a mortalidade por Covid-19 foi, de facto, 30 ou 90 vezes inferior à do resto da população norte-americana. Um estudo publicado em junho de 2021 conclui que a taxa de mortalidade em excesso na comunidade Amish aumentou 125% em novembro de 2020 e que as taxas são “semelhantes às tendências nacionais nos EUA“. Outro, mais recente, de junho de 2023, detalha que enquanto o “excesso de mortes diminuiu na população em geral” quando as vacinas contra a Covid-19 ficaram disponíveis, “permaneceu elevado entre os Amish“. E o que dizem os especialistas? Ao Observador, Miguel Prudêncio, investigador principal do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, explica que, quer a imunidade naturalmente adquirida, quer a que é conferida pela vacinação “são muito eficazes na proteção contra a doença, sobretudo as suas formas mais graves”. E, por isso, “não faz qualquer sentido associar menor mortalidade por Covid-19 à ausência de vacinação“, como é feito nestas publicações a propósito da comunidade Amish. O professor e investigador admite que hipoteticamente “uma comunidade isolada onde o vírus não tivesse sequer entrado poderia registar mortalidade por Covid-19 nula”, mas isso “nada teria a ver com a ausência de vacinas“. Mas o vírus entrou nas comunidades Amish, pelo que “a ideia de que a mortalidade aí tenha sido menor não tem qualquer sustentação científica”. Já perante os números que revelam que a taxa de mortalidade em excesso na comunidade Amish aumentou 125% em novembro de 2020, Miguel Prudêncio destaca que as vacinas para a Covid-19 apenas começaram a ser administradas em dezembro desse mesmo ano, ou seja, “se houve excesso de mortalidade nos Amish” em novembro de 2020 “não será de certeza por causa das vacinas, mas antes pela ausência destas”. Conclusão Não há dados conhecidos que permitam afirmar que a mortalidade por Covid-19 nas comunidades Amish foi “30” ou até “90” vezes inferior à do resto da população norte-americana. Apesar de não haver números oficiais, uma vez que não é registada a religião de quem foi vacinado contra a Covid-19, os estudos realizados sobre o tema traçam duas conclusões: a taxa de mortalidade em excesso seguiu uma tendência semelhante ao resto dos Estados Unidos e permaneceu ainda mais elevada quando as vacinas contra a Covid-19 ficaram disponíveis. Além disso, hesitação da comunidade Amish em aceitar a medicina moderna tem resultado em efeitos negativos para a saúde pública. Continuam, por exemplo, a registar surtos de sarampo, apesar de este ter sido erradicado dos Estados Unidos há mais de 20 anos. Ao Observador, o especialista Miguel Prudêncio garante, por isso, que “não faz qualquer sentido associar menor mortalidade por Covid-19 à ausência de vacinação” e que “a ideia de que a mortalidade tenha sido menor (nas comunidades Amish) não tem qualquer sustentação científica“. ERRADO No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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