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| - “Parece uma foto tirada da II Guerra Mundial. Mas não é. A foto tem dois dias. Foi tirada em Kharkiv”, escreve a autora de uma publicação no Facebook, datada de 10 de março. Na imagem partilhada inúmeras vezes na última semana, nas redes sociais, é possível ver uma multidão que tenta entrar num comboio.
Sobre a fotografia, que tem sido publicada a cores e a preto e branco, a legenda compara a situação atual na Ucrânia, numa altura em que há três milhões de refugiados, com a época da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto, quando também milhões de pessoas foram forçadas a fugir do Nazismo.
Mas será a fotografia atual?
Sim. Num vídeo do jornal britânico “The Guardian”, de 7 de março, é possível ver milhares de pessoas a fazer fila na parte exterior da estação ferroviária de Kharkiv e depois a andar por cima dos carris e nos apeadeiros numa tentativa desesperada de sair do país. É possível observar as composições de comboios na estação, iguais aos que aparecem na fotografia que tem sido partilhada.
A plataforma de fact-checking Snopes também investigou a origem da fotografia e refere que uma das primeiras pessoas a partilhar a imagem foi Tim Mak, correspondente da National Public Radio dos EUA. No Twitter, a 7 de março, o jornalista afirmou que a rádio recebeu a fotografia através do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia.
Por todo o país têm sido relatadas situações semelhantes, com milhares de pessoas a tentar fugir como podem da guerra. Por exemplo, uma reportagem da NBC mostra imagens da estação de comboios de Kiev, a 4 de março, onde uma semana antes chegaram a ser disparados tiros como é possível ouvir nesta reportagem da Sky News. A ITV News também captou o desespero de quem tenta escapar de comboio para a Polónia, tal como a ABC News que registou as imagens em Lviv.
Nas redes sociais há quem duvide da veracidade da fotografia alegando que as composições são muito antigas. No entanto, há registos fotográficos atuais que mostram exatamente os mesmos comboios na estação de Kharkiv. É o caso de algumas das imagens captadas pelo jornalista e fotógrafo Jack Losh, num trabalho para o site “Foreign Policy“, publicado a 26 de fevereiro.
Nesta altura, são já quase cinco milhões de ucranianos que tiveram de abandonar as suas casas em busca de segurança. O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) tem atualizado diariamente os dados e referiu que, dos três milhões de refugiados, 60% (1,7 milhões) foram para a Polónia, 255.000 chegaram à Hungria, 204.000 à Eslováquia, 131.000 à Rússia, 106.000 à Moldova, 84.000 à Roménia e 1.200 à Bielorrússia. Por outro lado, sublinhou o ACNUR, é estimado que o número de deslocados internos na Ucrânia devido à guerra já alcance os dois milhões de pessoas.
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