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| - “Quando achas que já viste tudo, existe algo que te surpreende. Nas obras de requalificação do Mosteiro de Alcobaça, os arquitectos responsáveis resolveram fazer umas escadas em betão por cima de uma escadaria com mais de 900 anos. E eis o resultado”, lê-se na publicação, ilustrada com três imagens das supostas obras na escadaria.
Questionada pelo Polígrafo sobre esta denúncia, fonte oficial da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) garante que “a alegação é falsa“.
“A argamassa que está a ser utilizada é de cal, é reversível, e está a ser utilizada apenas onde as superfícies dos degraus não são regulares, para servir de base a uma folha de aço cortene e, assim, se conservarem os degraus existentes do século XVIII“, esclarece.
De acordo com a mesma fonte, “esta escadaria constitui o acesso à nova portaria e bilheteira, a abrir em breve, que se apresenta muito degradada e instável e, por isso, perigosa para a circulação de pessoas. Para a tornar funcional e simultaneamente conservá-la, optou-se por colocar apenas junto do muro um revestimento em chapa de aço cortene, para garantir a circulação, em segurança, das pessoas“.
Mais, assegura que “não tem impacto na paisagem histórica e cultural” do monumento. “Esta requalificação dignifica o Mosteiro de Alcobaça porque conserva a memória da escada e respeita os princípios das cartas internacionais sobre conservação e restauro de que Portugal é subscritor e com os quais estão comprometidos a DGPC, os projetistas e os técnicos de conservação e restauro que estão a executar os trabalhos”, sublinha.
As obras em causa visam “a conservação e restauro da fachada poente do Mosteiro de Alcobaça com fim previsto para julho de 2021″, além de “conservar as superfícies pétreas, as argamassas, as caixilharias e os gradeamentos, bem como beneficiar os acessos”.
A DGCP enviou ao Polígrafo fotografias captadas na segunda-feira, dia 15 de fevereiro, para comprovar o estado real da escadaria.
Num parecer técnico do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) informa-se que “com esta intervenção ficam protegidos os degraus originais, evitando-se a sua progressiva degradação devido ao aumento de desgaste a que iriam estar sujeitos. Com este método fica igualmente garantida a reversibilidade da intervenção e a incompatibilidade dos materiais, já que irão ficar separados pela manta geotêxtil e pelo meoprene”.
“Pelos motivos expostos, o ICOMOS Portugal entende que, ao contrário do que foi denunciado, não se trata de um ‘atentado ao património’, mas sim de proteger e garantir a materialidade dos degraus originais, construindo de forma reversível, camadas de desgaste e de proteção que permitam o acesso ao monumento em condições mínimas de segurança”, conclui.
Trata-se portanto de uma denúncia mal informada sobre as obras em curso no Mosteiro de Alcobaça.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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