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  • Tem origem na página “Caminhada pela Vida”, alojada na rede social Facebook. É uma iniciativa da Federação Portuguesa pela Vida, instituição fundada em 2002 que “reúne em vínculo federativo associações e fundações que tenham por objecto e finalidade a defesa da vida humana, desde o momento da concepção até à morte natural, a promoção da dignidade da pessoa humana e o apoio à família e à maternidade”. Consiste numa tabela com as posições dos partidos políticos sobre a “defesa da vida”, representada nas seguintes questões: “vida por nascer“; “rejeição eutanásia“; “liberdade de educação“; “oposição ideologia de género“; “proibição barrigas de aluguer“; e “combate à prostituição“. A tabela baseia-se supostamente em perguntas que terão sido respondidas pelos candidatos dos partidos às eleições europeias, mas não só, como se depreende a partir de uma nota de rodapé (com letras de tamanho muito reduzido, quase imperceptível) que passamos a transcrever: “O quadro acima foi elaborado a partir das respostas recebidas das forças políticas pela Federação Portuguesa pela Vida, da análise das suas mais recentes intervenções e posições e dos programas apresentados para as eleições europeias”. De acordo com a tabela, apenas o CDS-PP, a coligação Basta e o Nós, Cidadãos terão respondido afirmativamente a todas as questões. Pelo que o apelo ao voto nessas “forças políticas” é implícito. Esta publicação levanta muitas e variadas dúvidas, mas optamos por colocar o enfoque na primeira questão sobre a “vida por nascer”. Ou seja, é verdade que há partidos que são a favor ou contra a “vida por nascer“, no âmbito das eleições para o Parlamento Europeu? O Polígrafo confirmou que o PS, o BE, o PAN e a Aliança não responderam oficialmente às perguntas remetidas pela Federação Portuguesa pela Vida. Ou seja, pelo menos no que respeita a esses partidos, as posições indicadas na tabela não resultam de “respostas recebidas das forças políticas”, mas sim “da análise das suas mais recentes intervenções e posições e dos programas apresentados para as eleições europeias” (atendendo à supracitada legenda). O problema é que o manifesto eleitoral do PS não tem qualquer referência à “vida por nascer”, nem à questão da interrupção voluntária da gravidez ou aborto (parece ser esse o significado da expressão “vida por nascer”). O mesmo se aplica ao manifesto eleitoral do BE e também ao manifesto eleitoral da Aliança, bem como no do PAN. Nas mais “recentes intervenções e posições” dos respetivos candidatos também não detectamos qualquer referência a essa matéria. Ou seja, a tabela difunde uma falsidade: as posições quanto à “vida por nascer” não se baseiam em respostas oficiais dos partidos ou candidatos (pelo menos dos três já confirmados pelo Polígrafo), nem nas “suas mais recentes intervenções e posições”, nem sequer dos “programas apresentados para as eleições europeias”. Acresce a manipulação e desinformação inerentes à forma como se indica que os partidos são a favor ou contra a “vida por nascer”. O problema é que o manifesto eleitoral do PS não tem qualquer referência à “vida por nascer”, nem à questão da interrupção voluntária da gravidez ou aborto. O mesmo se aplica ao manifesto eleitoral do BE e também ao manifesto eleitoral da Aliança. Nas mais “recentes intervenções e posições” dos respetivos candidatos também não detectamos qualquer referência a essa matéria. Ora, mesmo que um partido ou candidato seja a favor da não criminalização da interrupção voluntária da gravidez ou aborto, isso significa que é contra a “vida por nascer“? No limite, ser contra a “vida por nascer” até pode ser interpretado como ser contra a gravidez, ou a possibilidade de reprodução. As questões sobre “liberdade de educação” e “oposição ideologia de género” também levantam muitas dúvidas e podem gerar desinformação: no primeiro caso, por ser um conceito demasiado lato ou simplista, não especificando do que se trata concretamente; no segundo caso, por não se saber em que consiste a “ideologia de género”. A Federação Portuguesa pela Vida está a difundir esta tabela através das redes sociais e também via publicidade paga em páginas como a do jornal “Observador”. Na versão da publicidade paga surge a indicação de que “os partidos votam assim” e a seguinte hashtag: “#euvotoprovida”. Ou seja, nessa versão torna-se mais claro o objetivo de apelar ao voto nas “forças políticas” (CDS-PP, coligação Basta e Nós, Cidadãos) que supostamente responderam afirmativamente às questões colocadas. Isto em pleno período oficial de campanha eleitoral. Entretanto, ontem à tarde, o Patriarcado de Lisboa partilhou a tabela em causa na sua página no Facebook. O jornal “Diário de Notícias” contactou o gabinete de comunicação do Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, questionando sobre a publicação da tabela, tendo recebido a indicação de que a mesma iria ser apagada (e foi mesmo, ao princípio da noite de ontem). A Federação Portuguesa pela Vida está a difundir esta tabela através das redes sociais e também via publicidade paga em páginas como a do jornal “Observador”. Na versão da publicidade paga surge a indicação de que “os partidos votam assim” e a seguinte hashtag: “#euvotoprovida”. Ou seja, nessa versão torna-se mais claro o objetivo de apelar ao voto nas “forças políticas” (CDS-PP, coligação Basta e Nós, Cidadãos) que supostamente responderam afirmativamente às questões colocadas. “O ‘Diário de Notícias’ questionou o gabinete de comunicação do Patriarcado sobre este apelo ao voto em partidos que têm um discurso contrário à doutrina social da Igreja e ao que tem dito o Papa Francisco, por exemplo em matéria de refugiados, migrantes e de acolhimento dos estrangeiros. O ‘Diário de Notícias’ quis ainda saber se critérios como a defesa de políticas que promovem a exclusão social, a pobreza e o desemprego não são contrárias à defesa da vida. O gabinete de comunicação limitou-se a confirmar que a publicação ia ser retirada, ‘por não ter ficado claro‘ que o Patriarcado não se reverá em todas estas posições. ‘A única coisa que defendemos em matéria de defesa da vida é a que está na Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa’, divulgada a 2 de maio, sobre as eleições deste ano”, informou ontem o jornal. De resto, “o post esteve visível mais de duas horas, com comentários a questionar a sua publicação e outros a elogiar as ‘três opções’ que os católicos têm para votar. É esta a posição do Patriarcado, questionou de novo o ‘Diário de Notícias’. Do lado do Patriarcado, a resposta foi a mesma: ‘Admitimos que foi uma imprudência. Para o Patriarcado, é essencial que toda a gente tenha a possibilidade de discernir o seu voto‘. Isso significa apontar o voto em partidos que contrariam a doutrina social da Igreja, insistiu o ‘Diário de Notícias’. ‘Para não criar qualquer dúvida, retiramos o post e remetemos a posição do Patriarcado para a Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa”. Avaliação do Polígrafo:
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