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| - “Este artigo confirma o que disse a professora Dolores Cahill, de Dublin, que estima que pelo menos 30% dos vacinados morrerão em poucos meses de tempestade de citocinas (algo como uma alergia a amendoim), uma vez que o corpo tenha sintetizado proteína spike em grandes quantidades! (…) A Dra. Sherri Tempenny explica como as vacinas de mRNA começarão o processo de despovoamento nos próximos 3-6 meses (julho de 2021). Ela e outros cientistas previram que milhões de pessoas poderiam morrer e que as suas mortes seriam atribuídas a uma nova cepa de Covid-19, para aumentar as vacinas”, lê-se no texto do post de 12 de abril.
Respondendo à solicitação de leitores, o Polígrafo verifica.
A “tempestade de citocinas” referida na publicação consiste numa resposta inflamatória excessiva do sistema imunitário quando confrontado com uma infeção grave. Na realidade, e ironicamente, esta síndrome pode estar associada a quadros graves de qualquer doença, até de Covid-19 – e não a vacinas que visam combatê-la.
Em artigo de 29 de março de 2021, a plataforma de fact-checking brasileira “Aos Fatos” questionou Rodolfo Bacelar, pneumologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sobre esta matéria, o qual assegurou que “ao contrário da infeção viral, que gera tal tempestade, as vacinas não provocam essa reação. Quem gera a tempestade é o vírus vivo, não qualquer vacina”.
Segundo o texto do post sob análise, as vacinas de mRNA fariam com que a proteína spike se replicasse indefinidamente e em grande quantidade no corpo humano. Questionado pelo Polígrafo, João Júlio Cerqueira, médico especialista de Medicina Geral e Familiar, explica que “o mRNA não fica no nosso corpo” nem “interage com o nosso DNA. O material apenas fica no corpo durante cerca de dois dias, degradando-se posteriormente”, sendo essa degradação o motivo pelo qual “as vacinas têm que ficar no frio“.
A alegação de que 30% dos vacinados irão morrer não tem fundamento. Nos EUA, por exemplo, desde o dia 10 de dezembro de 2020 até ao dia 12 de abril de 2021 foram administradas 189 milhões de vacinas contra a Covid-19. Até ao momento foram reportados ao VAERS (sistema nacional de alerta precoce que visa detetar possíveis problemas de segurança em vacinas licenciadas nos EUA) 3.005 casos de mortes, o que corresponde a 0,00158% da totalidade dos vacinados.
Os casos foram avaliados pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) e pela Agência de Segurança Alimentar e Medicamentos (FDA) dos EUA. De acordo com as informações clínicas disponíveis – atestados de óbito, autópsia e registos médicos – não foram encontradas provas de que a vacinação tenha provocado ou sequer contribuído para a morte dessas pessoas.
No entanto, importa salientar que já foi confirmada pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) uma ligação entre trombose e a vacina da AstraZeneca. Até ao dia 22 de março tinham sido registados 62 casos de trombose do seio venoso cerebral e 24 casos de trombose venosa esplâncnica, sendo que 18 desses casos acabaram por se revelar fatais. Contudo, trata-se de um universo de cerca de 25 milhões de vacinados dentro da União Europeia, Espaço Económico Europeu e Reino Unido.
Tal como o Polígrafo já verificou em artigo recente, a pílula contraceptiva tem uma maior probabilidade de criar coágulos sanguíneos do que a vacina da AstraZeneca. O risco varia entre diferentes tipos de pílula contraceptiva, mas, no global, trata-se de um risco muito baixo.
Sherri Tempenny é uma ativista anti-vacinas. Por diversas vezes já afirmou que as vacinas causam autismo, alegação que já foi desmentida também pelo Polígrafo e demais plataformas de verificação de factos. De acordo com um artigo do Politifact, a página da osteopata no Facebook foi removida em dezembro de 2020, por propagar desinformação.
Dolores Cahill, que também é referida no post, foi convidada a renunciar ao cargo de vice-presidente do Comité Científico da Iniciativa Tecnológica Conjunta sobre Medicamentos Inovadores (IMI) da União Europeia por difundir informação falsa em relação à pandemia.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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