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  • Não é verdade que o general Gustavo Henrique Dutra, ex-chefe do Comando Militar do Planalto, afirmou em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o responsável por planejar os atos golpistas de 8 de janeiro. Diferentemente do que sugerem as peças de desinformação, o militar revelou apenas ter sido cobrado pelo presidente — na noite em que as manifestações ocorreram para efetuar a prisão dos golpistas acampados diante do Quartel-General do Exército em Brasília. Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 15.000 compartilhamentos no Facebook nesta quarta-feira (24). General entrega tudo na CPI. Governo Lula armou tudo no 8 de janeiro Publicações nas redes enganam ao afirmar que o general Gustavo Henrique Dutra, ex-chefe do CMP, confessou que Lula armou os atos golpistas de 8 de janeiro. As peças de desinformação usam um trecho de uma reportagem veiculada na Jovem Pan News em 19 de maio sobre o depoimento concedido pelo militar no dia anterior à CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Em nenhum momento, no entanto, o jornalista faz menção a uma suposta participação de Lula nos atos golpistas. Também não há qualquer alegação similar nas notas taquigráficas da sessão legislativa. Em depoimento, Dutra afirmou ter recebido uma ligação do coronel Fábio Augusto, da Polícia Militar do Distrito Federal, na noite de 8 de janeiro. O oficial teria afirmado que Ricardo Cappelli, nomeado interventor na segurança pública do Distrito Federal, teria ordenado a prisão dos manifestantes acampados em frente ao QG do Exército na capital. Na ocasião, Dutra disse que seria arriscado realizar uma operação daquele porte sem qualquer planejamento e se ofereceu para discutir o caso com Capelli. Os dois teriam se encontrado presencialmente. O militar afirmou ter ligado em seguida para o general Gonçalves Dias, então ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), para afirmar que era necessário um nível de organização maior das tropas para efetuar a prisão dos manifestantes. Poucos minutos depois, o militar disse ter recebido uma ligação do presidente, que reforçou a necessidade de realizar as prisões naquela noite. O general retrucou ponderando que a operação poderia gerar repercussões violentas. Lula, segundo ele, acabou por concordar e pediu que o acampamento fosse isolado e os manifestantes presos no dia seguinte, o que de fato ocorreu. Chefe do comando responsável pelo setor militar de Brasília, onde manifestantes se aglomeraram para protestar contra o resultado das eleições, Dutra coordenou a atuação do Exército durante os atos golpistas. Ele foi exonerado do cargo em abril deste ano. Citação. O general Dutra foi citado nominalmente em outro depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos, quando o coronel da PM-DF Jorge Eduardo Naime o acusou de impedir a prisão dos golpistas acampados diante do QG após ordem do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, no noite do dia 8. Não há mais uma vez, no entanto, qualquer menção à teoria de que o presidente Lula teria organizado os atos.
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