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| - O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) com dados referentes ao ano de 2022 (pode consultar aqui) já tinha sido divulgado e entregue à Assembleia da República no dia 31 de março, mas só no dia 4 de abril, véspera de um debate parlamentar requerido pelo Chega sobre “política de imigração e segurança”, com a participação do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, é que surgiu uma vaga de publicações nas redes sociais a destacar uma suposta conclusão desse relatório.
Não por acaso, sobretudo em páginas e grupos ligados ao partido Chega. Ou de apoio ao respetivo líder, André Ventura. Quase todas com a mesma mensagem, apimentada em alguns casos com críticas ao Governo e ao acolhimento de imigrantes em Portugal.
“A criminalidade geral aumentou 14,1% e a violenta grave subiu 14,4% no ano passado, em relação a 2021 (dados RASI de 2022)”, replica-se em dezenas de publicações identificadas pelo Polígrafo.
Esta alegação tem fundamento?
No RASI de 2022, de facto, conclui-se que “analisando a evolução da criminalidade, desde o ano 2006, num ciclo de 17 anos, verifica-se que os valores registados atualmente, apesar de representarem acréscimos, são consideravelmente inferiores, observando-se uma tendência de descida, tanto na criminalidade geral como na criminalidade violenta e grave. Atualmente a criminalidade violenta e grave representa 3,9% de toda a criminalidade participada”.
De acordo com o documento, “no que concerne à criminalidade geral, o número total de participações criminais registadas em 2022 pelos oito OPC (GNR, PSP, PJ, SEF, PM, ASAE, AT e PJM) foi de 343.845, mais 42.451 participações do que no período homólogo de 2021 (+14,1%)”.
Contudo, “em termos de criminalidade participada, a análise com o período pré-Covid (2019), quando ainda não vigoravam medidas restritivas, permite observar uma subida de 2,5%. Relativamente à criminalidade violenta verifica-se uma descida de 7,8%“.
Ou seja, apesar do aumento entre 2021 e 2022, a criminalidade geral está praticamente ao mesmo nível de 2019 (pré-pandemia), ao passo que a criminalidade violenta até baixou relativamente a esse período.
Nas conclusões do RASI de 2022 sublinha-se repetidamente que o fim das medidas restritivas aplicadas no âmbito da pandemia de Covid-19 é a principal causa desse aumento entre 2021 e 2022, voltando a aproximar-se do nível registado em 2019.
Sem o devido contexto, as percentagens indicadas na publicação em causa podem ser enganadoras.
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Avaliação do Polígrafo:
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