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  • O que estão compartilhando: suposta gravação “escondida” por Flávio Dino que mostraria o general Gonçalves Dias liberando “infiltrados” pelos fundos do Palácio do Planalto durante os ataques de 8 de janeiro. O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O boato que circula na internet reproduz um vídeo publicado pelo site Poder 360 a partir da divulgação pública dos registros das câmeras de segurança do Palácio do Planalto. O material não mostra a ação de infiltrados, e sim a tentativa de membros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de retirar os manifestantes golpistas de diversos locais do prédio. Saiba mais: o vídeo analisado pelo Estadão Verifica foi encaminhado pelos leitores através do WhatsApp (11) 97683-7490. No aplicativo de mensagens, circula com a legenda: “Olha os vagabundos infiltrados sendo liberados pelos fundos do Palácio do Planalto. Isto prova para o STF que foi um autogolpe”. Em outras plataformas, como Tiktok e Instagram, o boato aparece junto a alegações de que seria um “vazamento” de imagens escondidas pelo ministro da Justiça, Flávio Dino. A reportagem encontrou o material original ao notar a presença do logotipo do site Poder 360 no conteúdo e as informações presentes no registro de segurança: “Sala PR”, a data “08-01-2023″ e o horário próximo a 16h27min. O registro completo está disponível no canal de YouTube do veículo de imprensa. Vale lembrar que todos os arquivos das câmeras do Planalto foram cedidos para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro e podem ser acessados publicamente em uma página do governo federal. Constam registros de 33 câmeras diferentes, sendo 24 completas e 9 parciais. Sobre essas filmagens incompletas, o governo informa que os equipamentos foram depredados (3), sofreram queda de energia (1) ou tiveram extração pela PF apenas das 12h às 19h (5). O que mostram as imagens Como já mostrou o Estadão Verifica em outras checagens, o isolamento da Esplanada dos Ministérios foi rompido pelos manifestantes golpistas às 14h43min. Centenas de pessoas marcharam do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, em direção à Praça dos Três Poderes, no início da tarde de 8 de janeiro. O trecho em questão é de uma câmera de frente à sala da Presidência da República, a partir de 16h27min, ou seja, mais de uma hora e meia depois do ataque ser iniciado. Esse é o horário em que membros da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e integrantes do Exército passam a expulsar os golpistas dos corredores do 3º piso, direcionando-os aos andares inferiores. Quem aparece nas imagens de camiseta branca conversando com os extremistas é o capitão do Exército e ex-servidor do GSI José Eduardo Natale de Paula Pereira. O ex-chefe da pasta, general Marco Edson Gonçalves Dias, surge na sequência subindo as escadas, verificando se as portas do gabinete estavam trancadas e caminhando com o celular em mãos. Ele foi demitido do cargo em abril. Não há nenhum indicativo de que algum dos manifestantes nas imagens seja “infiltrado” ou estivesse dentro do Planalto antes do atentado. Eles aparecem com adereços que remetem ao movimento de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como bandeiras do Brasil e camisetas em verde e amarelo. A reportagem do Poder 360 também não traz qualquer informação sobre “infiltrados” ou liberação de pessoas por meio de saídas alternativas. Ela aponta apenas que a fechadura da porta de vidro do gabinete da Presidência foi quebrada por um golpista às 15h56min e que o ex-ministro Gonçalves Dias chegou ao local cerca de 30 minutos depois para avaliar a situação. Campanha de desinformação Boatos como o analisado nesta verificação promovem uma falsa ideia de que a depredação do patrimônio público ocorrida no 8 de janeiro seria obra de “infiltrados” de esquerda ou mesmo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Nenhuma investigação séria sobre o assunto trabalha com essa hipótese. As evidências apontam que os autores do ataque foram bolsonaristas inconformados com o resultado da eleição e que passaram meses acampados em frente aos quartéis pedindo um golpe militar antes da posse. O Estadão já mostrou anteriormente que o atentado foi planejado por bolsonaristas em redes sociais e aplicativos de mensagens, como canais do Telegram, onde ganhou até apelido, a “Festa da Selma”. Vídeos das câmeras de segurança flagram a ação de golpistas com roupas em verde e amarelo, bandeiras do Brasil e camisetas com o rosto de Bolsonaro e frases usadas pelo político e seus aliados na campanha. O relatório da intervenção federal no DF apontou ainda que os bolsonaristas se mobilizaram a partir de caravanas e do acampamento golpista montado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. Mais de 2 mil pessoas foram detidas em flagrante dentro dos prédios públicos ou no QG do Exército, no dia seguinte. Ao todo, 1.345 respondem a processos criminais no Supremo Tribunal Federal (STF). Os julgamentos já estão ocorrendo e seis foram condenados.
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