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  • Depois do resultado das Eleições Europeias – em que a Aliança obteve 1,87% dos votos – Pedro Santana Lopes enviou uma carta tranquilizadora aos militantes do seu partido em que assume que “o resultado não foi” o que desejavam, mas que nas eleições legislativas de outubro “vai ser diferente”. Há, porém, uma parte da missiva que está a provocar polémica nas redes sociais – e não só: a posição assumida pelo líder da Aliança sobre as touradas. Até aqui o partido de Santana Lopes ainda não divulgara publicamente uma orientação sobre o assunto. Fê-lo agora: “A liberdade de escolha deve aplicar-se também a temas que são objeto de polémica social, como eventos ou festas que envolvem a utilização de animais. Somos liberais, não gostamos de proibições. Defendemos que em cada comunidade municipal se decida, mesmo por referendo local. Há regiões que não admitem prescindir, há outras que não toleram”, explica o líder do partido na carta enviada, para depois acrescentar que “também admitimos que esses espetáculos não devam ser transmitidos por canais públicos de comunicação”. Em suma: para Santana Lopes, o espetáculo das touradas está longe de ser um dado adquirido, podendo ser referendado, e não deve ser transmitido pela RTP – se as estações privadas o quiserem fazer, não se opõe. Esta posição não teria nada de polémico se Santana Lopes não fosse um público e notório apoiante de touradas desde há muitos anos. O ex-líder do PSD já foi visto por variadíssimas vezes a assistir a este tipo de espetáculo ao vivo – e por isso não é poupado em alguns sites dedicados ao assunto. Na sequência da tomada de posição de Santana, um dos mais conhecidos – o “Touro e Ouro” – partilhou fotografias do antigo primeiro-ministro em diferentes espetáculos tauromáquicos, incluindo um, em Alcácer do Sal, em que o político foi homenageado pelo toureiro João Moura, que lhe dedicou a lide. Por isso mesmo, o site acusa Santana de se “colar a políticas populistas”. Ao Polígrafo, Pedro Santana Lopes mostrou-se relutante em responder ao assunto das touradas, defendendo que “a Aliança e o país têm assuntos muito mais importantes para tratar e é por isso que não quero voltar a falar do tema”. No entanto, acabou por explicar que “a posição da Aliança não é proibir nada nestas matérias”. Sobre os referendos propostos, Santana Lopes admite que atualmente falta um enquadramento legal para que possam ser realizados, mas esclarece que a proposta apresentada vai, precisamente, ao encontro da transferência de poderes para os municípios, um tema que o antigo-primeiro-ministro tem vindo a defender. “Desde que eu era Secretário de Estado da Cultura que falo daquilo que devia ser a competência dos municípios e não do Estado central. Quis passar determinadas competências para os municípios porque o Estado central não se deve estar a meter-se nessas coisas”, explicou referindo-se, por exemplo, às licenças de espetáculos e eventos desportivos. E rematou: “Não faz mais sentido que sejam os municípios a realizá-las, retirarando peso ao Estado? Eu acho que sim! Mas as associações do setor têm razão quando dizem que por enquanto não há condições legais para isso acontecer. Quando falei disso exprimi uma possibilidade”. Sobre a RTP, o que o partido defende vai além das polémicas criadas à volta das transmissões das touradas. Para a Aliança, “a RTP deve dedicar muito mais tempo a temas relevantes da vida nacional, por exemplo quando há eleições deve fazer debates mais aprofundados e mais frequentes, com todas as forças [políticas], em vez de não ter tempo porque anda dedicada a outras coisas que devem ser os canais privados a fazer”, disse Santana Lopes. Também numa carta enviada à autora do blog “Aos Olhos de uma Aficionada”, o líder da Aliança reforça que não mudou, não se vendeu, continua “a ser o mesmo” e a admirar “a Festa Brava”. “Respeito, todavia, a sensibilidade de cada um, nomeadamente de quem é contra e de quem se arrepia com pena do touro. Não concordo, mas respeito”, pode ler-se na carta publicada nesse blog e na página oficial da Aliança. “Não mudei. Nunca vendi uma convicção ou uma decisão. Aos 62 anos tive de mudar de Partido para não mudar de convicções. Terei sido mal interpretado neste assunto tauromáquico? Talvez. Expliquei-me mal? Talvez. Mas quis afirmar uma ideia principal: defendemos o lugar da Festa Brava nas Artes Tradicionais de Portugal, ou seja, na Cultura”, escreveu Santana Lopes reforçando que a carta fala “em nome de um Partido e não em nome pessoal”. Também a Prótoiro avançou ao Polígrafo que recebeu da parte do Aliança a garantia de que “a informação não passou de forma correta”. Avaliação do Polígrafo:
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