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| - “Ex-primeiro-ministro assassinado não seguiu ordens do FEM (Fórum Económico Mundial). Não obrigou a vacinar, devolveu 1,6 milhões de doses e deu Ivermectina aos cidadãos. Faz sentido agora?”, questiona-se numa imagem que tem circulado no Facebook.
Numa publicação de 13 de julho, um internauta partilha essa imagem e comenta: “O que aconteceu ao ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe tem muito que se lhe diga.” Outras publicações encontradas pelo Polígrafo asseguram que o antigo governante nipónico foi assassinado por ser o “principal inimigo dos negócios multimilionários das farmacêuticas, em particular da Pfizer”.
As alegações são verdadeiras?
Não. Na verdade, Shinzo Abe não era antivacinas, os japoneses foram imunizados com mais de 200 milhões de doses até agora, a maioria da Pfizer, e o uso da Ivermectina como tratamento contra o coronavírus não foi autorizado no Japão nem durante o mandato do antigo primeiro-ministro nem depois. Além disso, quando a vacinação começou no Japão, em 2021, Abe já não era chefe de Governo.
Em maio de 2020, Shinzo Abe assinou um comunicado conjunto com os presidentes do Conselho Europeu, Charles Michel, e da Comissão Europeia, Ursula von de Leyen, no qual reafirmaram o seu empenho na colaboração mundial e num financiamento sustentado para desenvolver medicamentos, diagnósticos, tratamentos e vacinas antivirais eficazes, e apelaram então para que a futura vacina contra a Covid-19 fosse um bem comum mundial.
Além disso, o ministério da Saúde do Japão incluiu a vacina da Pfizer no seu plano de imunização nacional contra a Covid-19 no início de 2021 e as estatísticas comprovam que esta vacina é a mais administrada no país. Os dados disponíveis no “Our World Data” indicam que em mais de 200 milhões de doses administradas até agora, 70% são da Pfizer.
Quanto à Ivermectina, o Japão nunca autorizou este antiviral para tratar o coronavírus nem o administrou a doentes positivos. As autoridades sanitárias decretaram que o medicamento não era eficaz contra a doença e a PDMA, agência japonesa responsável por avaliar e aprovar fármacos e dispositivos médicos, não incluiu a Ivermectina entre os medicamentos autorizados em 2020 para casos de Covid-19 no país.
Relativamente à suposta devolução de 1,6 milhões doses de vacinas, também é uma informação falsa. Na realidade, a 26 de agosto de 2021, o país anunciou a suspensão a administração de 1,63 milhão de doses da vacina da Moderna porque foram encontradas impurezas em três lotes distribuídos no país.
Numa altura em que a investigação sobre o assassinato ainda decorre, sabe-se que o atirador confessou à polícia que planeou o atentado por ressentimento para com “uma organização específica”, a Igreja da Unificação, e acreditava que Shinzo Abe estava relacionado com essa organização.
De acordo com os dados disponíveis até ao momento, Tetsuya Yamagami terá começado a planear o atentado contra o antigo primeiro-ministro em outono do ano passado. Nunca foram mencionados motivos relacionados com a Covid-19, vacinas ou tratamentos contra o coronavírus.
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Avaliação do Polígrafo:
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