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| - “McDonald’s perde a batalha legal com o chef Jamie Oliver, que mostrou que a comida que eles vendem não é adequada para ser ingerida, porque é altamente tóxica. O chef Jamie Oliver venceu uma batalha contra a maior cadeia de fast food do mundo. Oliver mostrou como os hambúrgueres se fazem”, começa por dizer a publicação originalmente italiana, partilhada no dia 25 de setembro, depois difundida em vários idiomas, incluindo em português.
No post alega-se ainda que, segundo Oliver, “as partes carne são ‘lavadas’ com dióxido de amónio e depois são usadas na embalagem do ‘bolo’ de carne para rechear o hambúrguer. Antes desse processo, segundo o apresentador, essa carne já não era adequada para consumo humano”.
Verdade ou falsidade?
Esta história, que voltou a circular agora nas redes sociais, já tem mais de 10 anos. Encontram-se publicações semelhantes pelo menos desde 2013, partilhadas também em português, inglês, espanhol e francês.
Jamie Oliver é um chef britânico, conhecido pelo seu compromisso com a luta contra a obesidade e contra a junk food (“comida de plástico”, em português). Num episódio do seu programa de televisão “Jamie Oliver’s Food Revolution”, em abril de 2011, o chef criticou severamente o uso de carne de vaca processada com hidróxido de amónio – solução de amoníaco em água
Oliver defendeu o seu ponto de vista ao misturar grandes quantidades de carne com amoníaco líquido. Depois passou a mistura por uma picadora de carne e disse “Então, basicamente, estamos a consumir um produto que seria vendido de forma barata para cães, e depois deste processo podemos dá-lo a humanos”.
De acordo com a plataforma de fack-checking “Snopes”, a demonstração do chef britânico criou um grande movimento contra o “pink slime” (“gosma cor-de-rosa”, em português) provocado por esta mistura. No entanto, apesar de ter conseguido transmitir uma imagem pouco apetitosa e indesejável, não recorreu a nenhum argumento científico ou nutricional para que o produto fosse “impróprio para consumo humano”.
Em janeiro de 2012, a McDonald’s anunciou que desde agosto de 2011 que deixou de usar carne tratada com hidróxido de amónio nos seus hambúrgueres. A empresa de fast food e a companhia “Beef Products Incorporated”, que fornecia a “carne finamente texturizada”, disseram que a decisão não teve nada a ver com o programa de Jamie Oliver. O Burger King e o Taco Bell também tomaram uma medida semelhante no final de 2011.
“Desde 2011, o McDonald’s não utiliza carne bovina finamente texturizada nos seus hambúrgueres de carne em todo o mundo. Qualquer notícia recente que diga que o estamos a fazer é falsa”.
No início deste ano, representantes de Jamie Oliver disseram à Agence France Presse (AFP) que o chef nunca avançou com uma ação judicial contra a McDonald’s. A cadeia de fast food disse à AFP: “Desde 2011, o McDonald’s não utiliza carne bovina finamente texturizada nos seus hambúrgueres de carne em todo o mundo. Qualquer notícia recente que diga que o estamos a fazer é falsa”.
Nos Estados Unidos, o hidróxido de amónio foi considerado seguro para a saúde pela Agência de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos (FDA), desde a década de 1980, sendo que o seu uso não está sujeito a nenhuma regulação particular. Na Europa, esta substância está autorizada como aditivo alimentar, mas não há autorização para o produto na secção dedicada aos aditivos alimentares na preparação de carnes.
Em suma, apesar de o McDonald’s ter anunciado no início de 2012 que deixou de utilizar carne “lavada” com hidróxido de amónio, isso não aconteceu como resultado de uma ação judicial movida pelo chefe britânico Jamie Oliver.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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